quinta-feira, 8 de setembro de 2016

INVASÃO DOS BÁRBAROS



                
 


                Nestes tempos de transição, em que a população mundial ultrapassa os sete bilhões de habitantes, a impressão é de estamos sofrendo, à semelhança do que ocorreu no passado com o Império Romano, uma invasão de bárbaros.
            A diferença é que no pretérito estas hordas tinham uma conformação étnica, situando-se por hunos, visigodos, vândalos... Os bárbaros de hoje surgem das entranhas de nossa própria sociedade, pelas portas da reencarnação.
 Se os fluxos migratórios do continente espiritual para o mundo físico, envolvendo multidões de Espíritos, obedecem à direção do planeta, confiada a Jesus, segundo nos informa Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, fica a pergunta: por que foram abertas as porteiras do Umbral, despejando sobre o plano físico multidões desvairadas, cuja característica principal é a agressividade e o desrespeito pela vida humana?

            Diríamos que estamos diante de uma contingência evolutiva.
            O crescimento da população oferece a inteligências primitivas a oportunidade de um contato com as agruras da vida física, qual lixa grossa a desbastar suas imperfeições mais grosseiras, ao mesmo tempo em que sua presença perturbadora impõe às coletividades terrestres uma reavaliação de suas motivações existenciais.
            Consideremos, em princípio, o comportamento do homem comum. Nas férias escolares milhões de brasileiros buscam descanso nas praias. Os fins de semana são marcados por multidões que procuram "sombra e água fresca" para cultivar a felicidade de não fazer absolutamente nada, dando tratos à fantasia, sob o embalo da indiferença que sempre sugere perigosas incursões no vício e na irresponsabilidade.
            Não há por que censurar o descanso, o lazer, a viagem, a rede… O problema é que isso tudo que deveria ser parte da vida, costuma tornar-se a finalidade dela, sob inspiração do velho egoísmo humano.
            Resultado: Prevalece a ideia de que todos os problemas que envolvem o país e a comunidade devem ser resolvidos pelo Governo, ao qual compete educar o ignorante, conter o agressivo, castigar o criminoso, sustentar o desempregado, promover o progresso, realizar nossos sonhos de prosperidade!
            Não nos demos conta de algo elementar: o Governo é apenas uma representação da sociedade! Pouco poderá fazer se a população não se engajar decididamente nas iniciativas que visam promover o bem-estar social.
            A decantada civilização cristianizada do Terceiro Milênio não será implantada por decreto celeste.  Inútil esperar por ela, enquanto as coletividades terrestres não operarem fundamental mudança de comportamento, partindo do egoísmo para o altruísmo, dos interesses pessoais para as necessidades coletivas, das realizações efêmeras do individualismo exacerbado para as gloriosas construções do amor fraterno.
            O confronto atual com Espíritos encarnados ainda presos ao primitivismo não seria necessário, se ao longo dos dois milênios que marcaram o advento do Cristianismo os homens houvessem aprendido as lições fundamentais de Jesus, exercitando o serviço do Bem e educando seus irmãos em Humanidade, com a força do exemplo.
            Imaginemos uma mobilização de toda a população produtiva de uma comunidade, envolvendo a classe média e abastada, a oferecer de seus recursos, de seu tempo, de seu trabalho…
  Não haveria problemas insolúveis. A própria subnutrição que aflige milhões de brasileiros, não é simples fruto de uma má distribuição dos bens da produção, de leis injustas criadas por minorias ambiciosas, como pretendem os socialistas de plantão.
            Ela é sustentada muito mais pela omissão de considerável parcela da população que poderia algo fazer, mas simplesmente prefere fechar os olhos, transitando sem traumas e sem constrangimentos entre necessitados e sofredores de todos os matizes, em absoluta indiferença.
Ingenuidade falar-se em justiça social ao peso de mudanças estruturais, leis ou regimes, num mundo orientado pelo supremo gerador de injustiças que é o egoísmo, a tendência de cada um por si e o resto que se dane!
           

3 comentários:

  1. Ótima reflexão, Jorge. "Meu pirão primeiro", indigestão certa.

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  2. Ótima reflexão, Jorge. "Meu pirão primeiro", indigestão certa.

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  3. Reflexão importante essa e também muito profunda, se fosse menos unilateral seria, na minha opinião, mais substanciosa. Além dos motivos que levam ao cerne do problema posto, o egoísmo humano, a de se ressaltar se considerarmos as razões Brasil, a absoluta desfaçatez dos impunes de gravata que são mais vândalos e mais perigosos e mais crueis que essa turba que queima e destrói os bens públicos e privados. Os engravatados matam crianças de fome com um sorriso no rosto como se nada fizessem, sem riscar um único fósforo, o que não torna razoável manifestar-se com violência, mas abre canais para que a violência ecloda. Roberto Caldas

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