Nestes
tempos de transição, em que a população mundial ultrapassa os sete bilhões de
habitantes, a impressão é de estamos sofrendo, à semelhança do que ocorreu no
passado com o Império Romano, uma invasão de bárbaros.
A diferença é que no pretérito estas
hordas tinham uma conformação étnica, situando-se por hunos, visigodos, vândalos...
Os bárbaros de hoje surgem das entranhas de nossa própria sociedade, pelas
portas da reencarnação.
Se os fluxos migratórios do continente
espiritual para o mundo físico, envolvendo multidões de Espíritos, obedecem à
direção do planeta, confiada a Jesus, segundo nos informa Emmanuel, pela
psicografia de Chico Xavier, fica a pergunta: por que foram abertas as
porteiras do Umbral, despejando sobre o plano físico multidões desvairadas, cuja
característica principal é a agressividade e o desrespeito pela vida humana?
Diríamos que estamos diante de uma
contingência evolutiva.
O crescimento da população oferece a
inteligências primitivas a oportunidade de um contato com as agruras da vida
física, qual lixa grossa a desbastar suas imperfeições mais grosseiras, ao
mesmo tempo em que sua presença perturbadora impõe às coletividades terrestres
uma reavaliação de suas motivações existenciais.
Consideremos, em princípio, o
comportamento do homem comum. Nas férias escolares milhões de brasileiros
buscam descanso nas praias. Os fins de semana são marcados por multidões que
procuram "sombra e água fresca" para cultivar a felicidade de não
fazer absolutamente nada, dando tratos à fantasia, sob o embalo da indiferença
que sempre sugere perigosas incursões no vício e na irresponsabilidade.
Não há por que censurar o descanso,
o lazer, a viagem, a rede… O problema é que isso tudo que deveria ser parte da
vida, costuma tornar-se a finalidade dela, sob inspiração do velho egoísmo
humano.
Resultado: Prevalece a ideia de que
todos os problemas que envolvem o país e a comunidade devem ser resolvidos pelo
Governo, ao qual compete educar o ignorante, conter o agressivo, castigar o
criminoso, sustentar o desempregado, promover o progresso, realizar nossos
sonhos de prosperidade!
Não nos demos conta de algo
elementar: o Governo é apenas uma representação da sociedade! Pouco poderá
fazer se a população não se engajar decididamente nas iniciativas que visam
promover o bem-estar social.
A decantada civilização
cristianizada do Terceiro Milênio não será implantada por decreto celeste. Inútil esperar por ela, enquanto as
coletividades terrestres não operarem fundamental mudança de comportamento,
partindo do egoísmo para o altruísmo, dos interesses pessoais para as
necessidades coletivas, das realizações efêmeras do individualismo exacerbado
para as gloriosas construções do amor fraterno.
O confronto atual com Espíritos
encarnados ainda presos ao primitivismo não seria necessário, se ao longo dos
dois milênios que marcaram o advento do Cristianismo os homens houvessem
aprendido as lições fundamentais de Jesus, exercitando o serviço do Bem e
educando seus irmãos em Humanidade, com a força do exemplo.
Imaginemos uma mobilização de toda a
população produtiva de uma comunidade, envolvendo a classe média e abastada, a
oferecer de seus recursos, de seu tempo, de seu trabalho…
Não haveria problemas insolúveis. A própria
subnutrição que aflige milhões de brasileiros, não é simples fruto de uma má
distribuição dos bens da produção, de leis injustas criadas por minorias
ambiciosas, como pretendem os socialistas de plantão.
Ela é sustentada muito mais pela
omissão de considerável parcela da população que poderia algo fazer, mas
simplesmente prefere fechar os olhos, transitando sem traumas e sem
constrangimentos entre necessitados e sofredores de todos os matizes, em
absoluta indiferença.
Ingenuidade
falar-se em justiça social ao peso de mudanças estruturais, leis ou regimes,
num mundo orientado pelo supremo gerador de injustiças que é o egoísmo, a
tendência de cada um por si e o resto que
se dane!
Ótima reflexão, Jorge. "Meu pirão primeiro", indigestão certa.
ResponderExcluirÓtima reflexão, Jorge. "Meu pirão primeiro", indigestão certa.
ResponderExcluirReflexão importante essa e também muito profunda, se fosse menos unilateral seria, na minha opinião, mais substanciosa. Além dos motivos que levam ao cerne do problema posto, o egoísmo humano, a de se ressaltar se considerarmos as razões Brasil, a absoluta desfaçatez dos impunes de gravata que são mais vândalos e mais perigosos e mais crueis que essa turba que queima e destrói os bens públicos e privados. Os engravatados matam crianças de fome com um sorriso no rosto como se nada fizessem, sem riscar um único fósforo, o que não torna razoável manifestar-se com violência, mas abre canais para que a violência ecloda. Roberto Caldas
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