sábado, 2 de janeiro de 2016

ENSAIO: UMA VISÃO ESPÍRITA SOBRE EDUCAÇÃO - I PARTE





Francisco Castro (*)

Estamos no primeiro século do III milênio após a vinda do Cristo.  No Brasil, um país considerado do terceiro mundo pelo seu estado de desenvolvimento, porém de um povo relativamente pacífico, de arraigado sentimento religioso, com uma história sem guerras, que aboliu a escravatura ainda no sáculo XIX, mas que, na atualidade, enfrenta sérios problemas estruturais de educação, saúde, habitação, emprego, renda, violência, e principalmente nos costumes e desigualdades regionais.

O autor, desejoso de dar uma contribuição, ainda que pequena, para que, no futuro, a situação de seu país possa ser diferente, em suas leituras e reflexões, interessou-se pelas ideias de um estudioso da área da educação no século XIX, o qual afirma que “os problemas da humanidade provém da imperfeição dos homens”.


Lembramos que a afirmação acima foi feita na segunda metade do século XIX, na França, e que esse pensador cujo verdadeiro nome era Hippolyte Léon Denizard Rivail o qual, apesar de publicar várias obras na área da educação, veio a se tornar mais conhecido pelo pseudônimo, ALLAN KARDEC.

Os estudos de Allan Kardec sobre certos fenômenos surgidos naquela época em toda a Europa e nos Estados Unidos resultaram na publicação de várias obras, dentre elas, e a que mais chamou a atenção de estudiosos e opositores, publicada em abril de 1.857, em Paris, sob o título de “O Livro dos Espíritos”.

O Livro dos Espíritos representa um marco importante na história da Humanidade, pelas suas conclusões de que o ser humano é formado de uma parte material, o corpo, e uma imaterial, denominada Alma ou Espírito.

Importante considerar que, todos os seres humanos, independente de nacionalidade, condição socioeconômica, e do tipo de doutrina que professe, é em si a união desses dois elementos: Corpo e Espírito (Alma)!

A análise desses fenômenos o levou Allan Kardec a concluir que o Espírito sobrevive à morte do corpo, o qual pode voltar para uma nova existência física em outro corpo, ou seja, reencarnar tantas vezes quantas forem necessárias para progredir, entendendo-se o termo progredir no sentido de evoluir, de melhorar-se.

A partir das observações dos fenômenos e através dos diálogos que mantinha com os seres que se autodenominaram Espíritos de pessoas que haviam habitado corpos como o nosso, em várias épocas da história da humanidade, o levaram a várias conclusões, dentre elas a de que “os problemas da humanidade provêm da imperfeição dos homens e de que, quando os homens forem bons organizarão boas instituições que serão duráveis, pois todos terão interesse em conservá-las”.

Allan Kardec concluiu também, que a questão social não tem por ponto de partida a forma de tal ou qual instituição; que ela se encontra toda no melhoramento moral dos indivíduos; vindo a afirmar que é aí que reside o princípio e a verdadeira chave da felicidade do gênero humano; para concluir que “é pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a humanidade”.

Essa afirmação impressionou bastante ao autor desse texto, a ponto de fazê-lo ficar meditando por algum tempo: se a chave do problema seria reduzir as imperfeições do indivíduo, pensou, então somente o próprio indivíduo é que deve empreender essa tarefa, levando-o a concluir que é nesse ponto que se encontra a solução do problema, ou seja, que só a educação pode fazer com que o ser humano possa, conscientemente, mudar o seu comportamento e dar solução aos seus problemas.

Fazendo-se uma análise dos graves problemas enfrentados nos dias de hoje, a começar com a desigualdade das riquezas, concentrada nas mãos de poucos, enquanto muitos, apesar do esforço realizado, carecem do essencial para sua própria sobrevivência, embora deva se entender que a concentração em si, de uma maneira geral, não é ruim, tendo-se como exemplo os reservatórios tipo caixas d’agua, os açudes, as lagoas, os oceanos e as florestas.

A concentração dos recursos econômicos só se torna um mal, quando conduz à exploração do homem que depende do trabalho para suprir as necessidades próprias e da família; pelos baixos salários percebidos;  condições de trabalho desumanas e às vezes até degradantes; ausência de benefícios sociais; tudo isso associado à sonegação de impostos e encargos sociais e trabalhistas, em benefício do incremento das margens de lucro, tendo como consequência uma maior concentração da riqueza nas mãos de poucos, enquanto falta o necessário para a grande maioria.

Outra questão importante a ser citada é a alta carga de tributos imposta pelo Estado, sem a devida contrapartida de benefícios sociais às classes menos favorecidas, aliada à falta de programas de distribuição de renda, ausência de modernos projetos de formação profissional, e de programas de remuneração justa do corpo docente das escolas e universidades públicas, bem como a falta de investimentos na agricultura, que resultem na produção de alimentos de qualidade e em quantidades suficientes a custos acessíveis.

Adicione-se ao exposto acima os problemas políticos, dentre os quais a profissionalização dos que se dedicam a esse tipo de atividade, levando à formação de todo tipo de manobra a fim de manter o status quo, sempre regado a muitos privilégios e mordomias e a um distanciamento das reais necessidades da população como um todo, principalmente da camada menos favorecida, tudo isso aliada a uma aproximação sempre crescente das faixas sociais mais aquinhoadas e propensas a serem favorecidas pelas benesses destinadas àqueles que exercem a militância política como profissão, onde poucos são os que se excluem desse grupo.

A questão da violência urbana cada vez mais se agrava devido à proliferação e consumo de drogas e de bebidas alcóolicas, somado ao despreparo do aparelho do estado para lidar com esse tipo de problema, sistema prisional inadequado em quantidade e qualidade, ausência de instrumentos legais e judiciais, sendo que a soma desses fatores leva a um favorecimento daqueles que desejam burlar a estrutura legal vigente e tirar proveito ainda maior do despreparo do Estado, esse é, em rápida síntese, o quadro geral no início do III milênio.

(...) Continua na 2ª Parte.

Sugerimos ao leitor fazer comentários, interagir com o autor dizendo o que pensa, apontando falhas e sugerindo abordagens.

(*) escritor, membro da AMLEF, expositor espírita, integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

Um comentário:

  1. Estão muito bem contextualizados:
    - Os problemas deste início de milênio.
    - A EDUCAÇÃO (não enquanto serviço que o poder público oferece e que as entidades privadas comercializam): que aprimora a consciência e faz o homem melhorar-se, e assim melhorar o mundo em torno de si.
    - A solução dos problemas já referidos, através da também definida educação.
    - A solução de melhoria do mundo que o Espiritismo apresenta: Através da melhoria do mundo, através da educação.

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