Pular para o conteúdo principal

PAI DE VERDADE CUIDA E GUIA PARA A PAZ¹

          

Por Roberto Caldas (*)


A inquestionável propriedade da maternidade sobre a comprovada geração de uma criança, em contrapartida à presunção da paternidade, é um tema discutido desde as primeiras experiências humanas tribais, quando a necessidade de perpetuação da espécie parecia ser a mais urgente necessidade devido a sua extrema fragilidade diante do mundo hostil que a cercava. No papel de geradora e nutridora dos primeiros anos de vida, a mãe é historicamente reconhecida como a figura central da vida do ser humano. Esse detalhe antropológico foi trazido como herança psíquica pelos milhares de anos e resistiu às revoluções civilizatórias que a sociedade humana sofreu com o passar dos tempos. Numa estrutura social atual como a nossa, apenas o homem pode registrar a criança recém nascida repassando-lhe a legitimidade da paternidade atribuindo a maternidade à mulher que pode estar ausente do local de registro, mas o contrário não pode ser realizado.

            A partilha dos papéis sociais, o homem como provedor e a mulher como educadora, produziu forte influência no abismo que se criou no relacionamento da figura paterna em relação ao seu filho. Muitas mudanças sociais foram exigidas no processo de evolução da humanidade para que a função de pai passasse a ser considerada no nível de dignidade e importância que tal papel infere na formação equilibrada do psiquismo educacional do espírito encarnado. Contraditoriamente foi necessário que surgissem os movimentos de equiparação social da mulher na sociedade contemporânea para que a inserção do homem se tornasse uma viabilidade dentro da dinâmica familiar.
            Na atualidade não há espaço para se pôr em dúvida a importância essencial da paternidade na busca do equilíbrio educacional, mesmo considerando que um grande contingente do universo masculino ainda se evade de suas responsabilidades espirituais deixando sem a sua custódia moral e financeira uma quantidade ainda numerosa de filhos. Sendo a paternidade uma missão intransferível, a fuga das obrigações paternas é uma das mais graves infrações que podem ser perpetradas diante dos vínculos espirituais que entretemos. A questão 582 de O Livro dos Espíritos categoriza a paternidade como uma missão, mercê de tratar-se de um dever diante da existência, pela perspectiva educativa e restauradora do equilíbrio espiritual dos seres que chegam fragilizados à encarnação, a fim de receberem com maior facilidade as impressões restauradoras do comportamento.
            A ordem espiritual do planeta, sob as leis imutáveis de Deus adaptadas às necessidades da raça humana, provavelmente proponha que a legitimação paterna é uma distinção que alcança àqueles que conseguem ver nos filhos a realização da mais importante tarefa que a existência lhes possibilita, além das cogitações profissionais e de outras vinculações possíveis. A efetivação desse desiderato, dentro dos valores educacionais para a construção de um mundo melhor, é uma das mais potentes ferramentas de crescimento espiritual aos que se façam dignos de empunhá-la.

Benditos sejam aqueles que não envidam esforços para acurar os propósitos de tornar o planeta mais propício à semeadura da Paz, através da educação espiritual dos seus filhos,  verdadeiros holofotes que fazem a luz resplandecer, sal da terra que emprestam sabor ao mundo.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 09.08.2015.

(*) escritor, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

Comentários

  1. O EDITORIAL, VEM EM BOA HORA, POIS HOJE COMEMORAMOS O DIA DOS PAIS, MUITOS DELES QUE NÃO QUEREM NEM SABER DOS FILHOS(AS). GOSTEI DO EDITORIAL DO PROGRAMA ANTENA ESPIRITA, NELE SÃO CITADAS VÁRIAS SITUAÇÕES, QUE NOS LEVAM A REFLETIR SOBRE O VERDADEIRO PAPEL DOS PAIS NO SENTIDO DE ORIENTAR OS FILHOS EM DIREÇÃO DO BEM.. GUIAR ALGUEM É MUITO IMPORTANTE, E PRINCIPALMENTE SENDO NA DIREÇÃO DO BEM. MAS É PRECISO TAMBÉM SE REPENSAR O PAPEL DA MÃE NA NOSSA SOCIEDADE ATUAL.


    BRUNO PORTO FILHO

    MEMBRO DA SOCIEDADE ESPIRITA DR. ANTONIO JUSTA.


    UM ABÇO A TODOS.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

SOBRE ATALHOS E O CAMINHO NA CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO JUSTO E FELIZ... (1)

  NOVA ARTICULISTA: Klycia Fontenele, é professora de jornalismo, escritora e integrante do Coletivo Girassóis, Fortaleza (CE) “Você me pergunta/aonde eu quero chegar/se há tantos caminhos na vida/e pouca esperança no ar/e até a gaivota que voa/já tem seu caminho no ar...”[Caminhos, Raul Seixas]   Quem vive relativamente tranquilo, mas tem o mínimo de sensibilidade, e olha o mundo ao redor para além do seu cercado se compadece diante das profundas desigualdades sociais que maltratam a alma e a carne de muita gente. E, se porventura, também tenha empatia, deseja no íntimo, e até imagina, uma sociedade que destrua a miséria e qualquer outra forma de opressão que macule nossa vida coletiva. Deseja, sonha e tenta construir esta transformação social que revolucionaria o mundo; que revolucionará o mundo!

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

SOCIALISMO E ESPIRITISMO: Uma revista espírita

“O homem é livre na medida em que coloca seus atos em harmonia com as leis universais. Para reinar a ordem social, o Espiritismo, o Socialismo e o Cristianismo devem dar-se nas mãos; do Espiritismo pode nascer o Socialismo idealista.” ( Arthur Conan Doyle) Allan Kardec ao elaborar os princípios da unidade tinha em mente que os espíritas fossem capazes de tecer uma teia social espírita , de base morfológica e que daria suporte doutrinário para as Instituições operarem as transformações necessárias ao homem. A unidade de princípios calcada na filosofia social espírita daria a liga necessária à elasticidade e resistência aos laços que devem unir os espíritas no seio dos ideais do socialismo-cristão. A opção por um “espiritismo religioso” fundado pelo roustainguismo de Bezerra Menezes, através da Federação Espírita Brasileira, e do ranço católico de Luiz de Olympio Telles de Menezes, na Bahia, sufocou no Brasil o vetor socialista-cristão da Doutrina Espírita. Telles, ao ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ESPIRITISMO E POLÍTICA¹

  Coragem, coragem Se o que você quer é aquilo que pensa e faz Coragem, coragem Eu sei que você pode mais (Por quem os sinos dobram. Raul Seixas)                  A leitura superficial de uma obra tão vasta e densa como é a obra espírita, deixada por Allan Kardec, resulta, muitas vezes, em interpretações limitadas ou, até mesmo, equivocadas. É por isso que inicio fazendo um chamado, a todos os presentes, para que se debrucem sobre as obras que fundamentam a Doutrina Espírita, através de um estudo contínuo e sincero.

DEUS¹

  No átimo do segundo em que Deus se revela, o coração escorrega no compasso saltando um tom acima de seu ritmo. Emociona-se o ser humano ao se saber seguro por Aquele que é maior e mais pleno. Entoa, então, um cântico de louvor e a oração musicada faz tremer a alma do crente que, sem muito esforço, sente Deus em si.

É HORA DE ESPERANÇARMOS!

    Pé de mamão rompe concreto e brota em paredão de viaduto no DF (fonte g1)   Por Alexandre Júnior Precisamos realmente compreender o que significa este momento e o quanto é importante refletirmos sobre o resultado das urnas. Não é momento de desespero e sim de validarmos o esperançar! A História do Brasil é feita de invasão, colonização, escravização, exploração e morte. Seria ingenuidade nossa imaginarmos que este tipo de política não exerce influência na formação do nosso povo.

O ESPIRITISMO É PROGRESSISTA

  “O Espiritismo conduz precisamente ao fim que se propõe todos os homens de progresso. É, pois, impossível que, mesmo sem se conhecer, eles não se encontrem em certos pontos e que, quando se conhecerem, não se deem - a mão para marchar, na mesma rota ao encontro de seus inimigos comuns: os preconceitos sociais, a rotina, o fanatismo, a intolerância e a ignorância.”   Revista Espírita – junho de 1868, (Kardec, 2018), p.174   Viver o Espiritismo sem uma perspectiva social, seria desprezar aquilo que de mais rico e produtivo por ele nos é ofertado. As relações que a Doutrina Espírita estabelece com as questões sociais e as ciências humanas, nos faculta, nos muni de conhecimentos, condições e recursos para atravessarmos as nossas encarnações como Espíritos mais atuantes com o mundo social ao qual fazemos parte.

A DIFÍCIL ABORDAGEM SOBRE O SUICÍDIO

Por Ana Cláudia Laurindo   O suicídio é um tema tabu, mesmo que acompanhe a humanidade de maneira atemporal, tem sido menos discutido do que sentimos necessidade. Talvez por ter sido abarcado pela religião como algo proibido, no esquema de remessas de medo como probabilidade de contenção do ser, ele ronda o mundo em silêncio, para surgir repentinamente, cortando a normalidade visível. Todas as pessoas que conheci e se tornaram suicidas, não aparentavam que o fariam.

O BRASIL CÍNICO: A “FESTA POBRE” E O PATRIMONIALISMO NA CANÇÃO DE CAZUZA

  Por Jorge Luiz “Não me convidaram/Pra esta festa pobre/Que os homens armaram/Pra me convencer/A pagar sem ver/Toda essa droga/Que já vem malhada/Antes de eu nascer/(...)/Brasil/Mostra a tua cara/Quero ver quem paga/Pra gente ficar assim/Brasil/Qual é o teu negócio/O nome do teu sócio/Confia em mim.”   “ A ‘ Festa Pobre ’ e os Sócios Ocultos: Uma Análise da Canção ‘ Brasil ’”             Os verso s acima são da música Brasil , composta em 1988 por Cazuza, período da redemocratização do Brasil, notabilizando-se na voz de Gal Costa. A música foi tema da novela Vale Tudo (1988), atualmente exibida em remake.             A festa “pobre” citada na realidade ocorreu, realizada por aqueles que se convencionou chamar “mercado”,   para se discutir um novo plano financeiro, para conter a inflação galopante que assolava a Nação. Por trás da ironia da pobreza, re...