Pular para o conteúdo principal

O ESPIRITISMO, O POLITICAMENTE CORRETO, KARDEC E JESUS DE NAZARÉ

 


Consubstanciarmos as nossas vigorosas inquietações para a produção deste pequeno artigo. E os motivos que levam este nobre escritor a produzi-lo, é a necessidade cada vez maior em nosso País de deixarmos as coisas mais explicitadas, já que insistem alguns, há investirem na ideia do “mi mi mi”; ou de que esta conversa do “politicamente correto esta ficando chata. ”

            Estas mesmas pessoas não conseguiram entender, em pleno século XXI, que aquilo que eles chamam de piada, ou de engraçado eu chamo de morte, e de Necropolítica.

            Quando lemos os números da violência em nosso país, ficamos chocados que estas conversas ainda existam. Vamos dividir em partes para que os nossos leitores possam acompanhar compassadamente.

Se a sua “piada”, tem ponto de convergência com a diminuição, vulgarização, fetichização, sexualização da mulher, o Brasil por força desta ação naturalizada, do machismo e do patriarcado estruturais e estruturantes em nossa sociedade é o quinto país em feminicídio do mundo.

Se a sua anedota, contrasta a cor das pessoas, sempre buscando comparativos depreciativos, e por “coincidência”, a graça do pastelão tem como alvos pessoas negras e indígenas. Preciso lhe informar urgentemente, estas populações são vítimas de violência todos os dias, ou seja, em nosso país pessoas morrem e são violentadas apenas pela cor de seus corpos.

Se o seu número circense particular envolve caricaturas as pessoas LGBTQIAP+, desumanizando seus sentimentos e as suas formas de expressão no mundo e com o mundo, preciso lembrar que o Brasil durante 13 anos consecutivos, é nada mais nada menos, o país que mais mata a comunidade LGBTQIAP+ na Terra.

Você que diz: “ Não concordo com o dia do orgulho LGBTQIAP+. Divirjo com o dia da consciência negra. Não concordo com reservas indígenas. Deveríamos ter o dia do humano. ” 

Preciso dizer-lhe, enquanto houver dores as intimidades humanas, o acesso as políticas públicas forem negadas a mulheres, negros, a comunidade indígena, LGBTQIAP+, enquanto pessoas morrerem por serem quem são, enquanto tiverem as suas espiritualidades negadas, precisaremos sim e não apenas de dias, mas, de meses, de anos, de séculos de produção de justiça, igualdade, equidade. Oferecer acesso ao amor, ao amor sim, e ao amor a todas e todos, e não a parcela que eu “permita que o amor toque”.

Para encerrar nosso artigo que escrevo hoje, 25 de junho de 2021, as 19:32, aqui em Recife – Pernambuco, período de comemoração do mês do Orgulho LGBTQIAP+ no mundo inteiro, momento em que as comunidades originárias continuam sendo aviltadas em seus direitos com a afrontosa PL 490, tal qual os fazem os poderosos desde 1500, onde mais de quinhentas mil vidas brasileiras foram ceifadas por uma doença que já tem vacina.

Me dirijo a você espírita que acredita que o Espiritismo não contempla estas discussões, leia Kardec, busque as palavras de Jesus de Nazaré, e refletindo a partir destas filosofias comportamentais com as interseccionalidades entre elas, nos faria encontrarmos justificativas para as piadas, as anedotas, as agressões, as violências, as mortes, e os descasos?
Fora da caridade não há salvação.

Comentários

  1. Desculpem, mas até os Espíritas de esquerda se esquecem que são Espíritas e tratam todos como se fossem iguais, não como seres humanos iguais mas em termos de conhecimento igual, quando sabemos muito mais as razões das coisas do que a maioria dos não-Espíritas. O tom do artigo é agressivo, quando deveria ser de compreensão e esclarecimento mais profundo, provocar empatia e não rejeição pela repetição do discurso das militâncias não-Espíritas.

    O dia de alguma minoria é apenas para lembrar de que um problema existe e deve ser relembrado para ser resolvido, por isso não existe dia do ser humano ou do homem branco, não são minorias e muito menos agredidas e injustiçadas. Não se deve usar o mesmo tom das maiorias ignorantes, o tom da reprimenda, da ameaça, porque isso é igualar-se a elas, um retrocesso. A visão do Espírita não é a mesma da sociedade, é mais esclarecida por sua natureza, pelo seu conhecimento.

    Não adianta repetir jargões, o tal mi-mi-mi, é preciso ser criativo, inovar na comunicação sob a égide Espírita, para tocar os insensíveis e provocar mudanças, evolução. Nunca vejo esse conhecimento mencionado nos textos Espíritas progressistas, é preciso embutí-lo, ressaltá-lo, vivenciá-lo, essa diferença é o que podemos agregar de positivo e inovador no discurso alheio.

    Precisamos nos lembrar que somos Espíritas dia e noite, 24 x 7, e usar este conhecimento reformador, se quisermos fazer alguma diferença.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O tom deste artigo estar de acordo com o tema abordado. Ninguém transforma-se em espírito "angelical" por ser espírita. Até mesmo Jesus de Nazaré subiu o tom em vários momentos de sua encarnação na terra.

      Excluir
    2. Bom dia, Denis Padilha.
      Amigo, agradeço sinceramente ao seu comentário com suas honestas opiniões.
      Mas, por favor, permita-me comentar.

      Não vejo onde o Espírita é, segundo suas colocações, melhor que as outras pessoas. Não colaboro com a ideia de que sabemos mais do que os outros por sermos espíritas. Não sei onde você robustece teoricamente esta afirmação, que em minha compreensão não faz sentido algum.
      Sobre o artigo segundo você, ser "agressivo", respeito completamente, mas, entendo que as mesmas pessoas que defendem a ideia de "mi mi mi" e de que "o mundo tá ficando chato", não consideram machismo, racismo, LGBTQIAP+fobia, sexismo, misoginia, xenofobia, aparofobia, necropolítica, feminicídio como comportamentos agressivos. Portanto, não considero a linguagem que utilizo nem um pouco agressiva, bem como não considero as pessoas espíritas como seres que possuem um conhecimento ou uma sabedoria maior do que qualquer outra pessoa, e se me permite, são exatamente estes pensamentos coloniais e hegemônicos que validam todas as dores e violência que cito no artigo.

      Grande abraço!

      Excluir
    3. Alexandre, baseio meu comentário na existência de espíritos superiores que, apesar de superiores, também são iguais. Resolva esta equação.

      Já o tom do comentário ataca e provoca os preconceituosos que são pessoas precisando de ajuda e esclarecimentos para evoluirem como todos nós, incluindo os discriminados.

      Os espíritas possuem um conhecimento que vai além da maioria das pessoas, por exemplo, sobre a morte que tanto atordoa todo mundo, e também sobre a necessidade da reforma moral íntima como gatilho para evolução do mundo. Portanto, o espírita tem muito a ensinar.

      Costumo me colocar no lugar dos outros com empatia e alteridade, por isso, se eu fosse um preconceituoso, não admitiria esta linguagem. O fato de não ser não impede que muitos achem que eu seja só por causa da minha cor branca e isso também é inadmissível e é sim racismo reverso. Pior ainda é julgar-me e enquadrar-me como possuidor de pensamentos coloniais. Pessoas de baixa intelectualidade não entendem esta linguagem.

      Foi isso o que eu quis dizer porque este tipo de debate com reprimendas e acusações anda muito cansativo. Podemos fazer melhor que isso, mas não me pergunte como. É algo a ser debatido.

      Excluir
  2. Artigo excelente!!! Precisamos nos tonar verdadeiros espíritas, amando e respeitando a todos, todas e todes e não escolhendo quem devemos amar. Na dúvida, vede Jesus!!!

    ResponderExcluir
  3. "Hipócritas!", disse Jesus.
    O MAL não deve ser enfeitado, sob a pena de lhe proteger a peçonha. Preciso e correto, o texto de Alexandre Júnior trata, sem escorregar em termos de mau gosto, de atitudes que devem ser consideradas pelos seus efeitos de fato, e não a partir da moralidade pusilânime daqueles que se julgam bons e sábios por cobrarem dos ofendidos paciência com seus agressores, enquanto a estes lustram as crueldades com termos brandos. O autor foi "humano", colocando-se acima do espírito acanhado da bondade dos insensíveis, da sabedoria dos limitados, da virtude dos primários e de todos os que julgam poder penetrar a essência dos conceitos sem despir da realidade a angelical capa da burla. Sem temer as críticas inevitáveis, cuidou de manter a provocação aberta à justa investigação, apontou posicionamentos que devem ser repensados em suas consequências, registrou seu engajamento junto aos que dizem NÃO ante a injustiça que maltrata seus semelhantes.

    Parabéns, autor! Por tua coragem e espírito de humanidade, tens o meu respeito.

    ResponderExcluir
  4. Um artigo direto e objetivo. Alexandre Júnior, soube em poucas linhas versar sobre um tema que permeia o imaginário de muitos. "O Brasil ficou chato. Não posso mais fazer piadas com loiras burras, negros. português e Japonês. Índios preguiçosos".
    Me congratulo com o autor por tocar em pontos delicados de forma acertiva e direta.
    Abraços e Parabéns.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

O CORDEIRO SILENCIADO: AS TEOLOGIAS QUE ABENÇOARAM O MASSACRE DO ALEMÃO.

  Imagem capa da obra Fe e Fuzíl de Bruno Manso   Por Jorge Luiz O Choque da Contradição As comunidades do Complexo do Alemão e Penha, no Estado do Rio de Janeiro, presenciaram uma megaoperação, como define o Governador Cláudio Castro, iniciada na madrugada de 28/10, contra o Comando Vermelho. A ação, que contou com 2.500 homens da polícia militar e civil, culminou com 117 mortos, considerados suspeitos, e 4 policiais. Na manhã seguinte, 29/10, os moradores adentraram a zona de mata e começaram a recolher os corpos abandonados pelas polícias, reunindo-os na Praça São Lucas, na Penha, no centro da comunidade. Cenas dantescas se seguiram, com relatos de corpos sem cabeça e desfigurados.

O DISFARCE NO SAGRADO: QUANDO A PRUDÊNCIA VIRA CONTRADIÇÃO ESPIRITUAL

    Por Wilson Garcia O ser humano passa boa parte da vida ocultando partes de si, retraindo suas crenças, controlando gestos e palavras para garantir certa harmonia nos ambientes em que transita. É um disfarce silencioso, muitas vezes inconsciente, movido pela necessidade de aceitação e pertencimento. Desde cedo, aprende-se que mostrar o que se pensa pode gerar conflito, e que a conveniência protege. Assim, as convicções se tornam subterrâneas — não desaparecem, mas se acomodam em zonas de sombra.   A psicologia existencial reconhece nesse movimento um traço universal da condição humana. Jean-Paul Sartre chamou de má-fé essa tentativa de viver sem confrontar a própria verdade, de representar papéis sociais para evitar o desconforto da liberdade (SARTRE, 2007). O indivíduo sabe que mente para si mesmo, mas finge não saber; e, nessa duplicidade, constrói uma persona funcional, embora distante da autenticidade. Carl Gustav Jung, por outro lado, observou que essa “másc...

"FOGO FÁTUO" E "DUPLO ETÉRICO" - O QUE É ISSO?

  Um amigo indagou-me o que era “fogo fátuo” e “duplo etérico”. Respondi-lhe que uma das opiniões que se defende sobre o “fogo fátuo”, acena para a emanação “ectoplásmica” de um cadáver que, à noite ou no escuro, é visível, pela luminosidade provocada com a queima do fósforo “ectoplásmico” em presença do oxigênio atmosférico. Essa tese tenta demonstrar que um “cadáver” de um animal pode liberar “ectoplasma”. Outra explicação encontramos no dicionarista laico, definindo o “fogo fátuo” como uma fosforescência produzida por emanações de gases dos cadáveres em putrefação[1], ou uma labareda tênue e fugidia produzida pela combustão espontânea do metano e de outros gases inflamáveis que se evola dos pântanos e dos lugares onde se encontram matérias animais em decomposição. Ou, ainda, a inflamação espontânea do gás dos pântanos (fosfina), resultante da decomposição de seres vivos: plantas e animais típicos do ambiente.

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

DIA DE FINADOS À LUZ DO ESPIRITISMO

  Por Doris Gandres Em português, de acordo com a definição em dicionário, finados significa que findou, acabou, faleceu. Entretanto, nós espíritas temos um outro entendimento a respeito dessa situação, cultuada há tanto tempo por diversos segmentos sociais e religiosos. Na Revista Espírita de dezembro de 1868 (1) , sob o título Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, na Sociedade Espírita de Paris fundada por Kardec, o mestre espírita nos fala que “estamos reunidos, neste dia consagrado pelo uso à comemoração dos mortos, para dar aos nossos irmãos que deixaram a terra, um testemunho particular de simpatia; para continuar as relações de afeição e fraternidade que existiam entre eles e nós em vida, e para chamar sobre eles as bondades do Todo Poderoso.”

O MEDO SOB A ÓTICA ESPÍRITA

  Imagens da internet Por Marcelo Henrique Por que o Espiritismo destrói o medo em nós? Quem de nós já não sentiu ou sente medo (ou medos)? Medo do escuro; dos mortos; de aranhas ou cobras; de lugares fechados… De perder; de lutar; de chorar; de perder quem se ama… De empobrecer; de não ser amado… De dentista; de sentir dor… Da violência; de ser vítima de crimes… Do vestibular; das provas escolares; de novas oportunidades de trabalho ou emprego…

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...