quarta-feira, 1 de abril de 2020

NADA SERÁ COMO ANTES...AMANHÃ


          
          Numa época em que a energia elétrica não era tão disseminada, as pessoas utilizavam a incandescência de candeeiros alimentados por querosene. Relatos de testemunhas que vivenciaram os horrores da 2ª Grande Guerra (1945/1949), que felizmente não teve o território brasileiro como palco, informam que durante muitas noites os lumieiros a gás precisavam ser dispostos embaixo das mesas para não chamar a atenção dos aviões inimigos que passavam zunindo o céu noturno, com as populações domésticas apavoradas com a possibilidade de bombardeios. Também relatam que o gás, o pão, a fruta, que já eram escassos nos domicílios mais pobres, se tornaram de aquisição mais difícil e havia solidariedade entre os vizinhos, ambos na escassez. Aquele trágico momento da história deixou terra arrasada, mas a humanidade se refez pedra sobre pedra, numa nova conjuntura, apesar de todas as imperfeições que legitimou essa trajetória.

            Outras guerras mantiveram o fogo da cizânia crepitando. Como não há caminho pronto viemos de crise em crise cerzindo as estratégias para a sociedade humana. Aprendemos aos trancos e barrancos que coisa alguma fica sem resposta e a interlocução da Natureza revela o que estamos plantando. A colheita será digna da semente lançada, é justo que assim seja. Aprender é mudar. A origem nos premiou com a ignorância (LE – q. 120), e toda propensão ao mal é escolha do livre arbítrio (idem). Daí, se erramos, seja por ignorância ou maldade haveremos de ser alcançados por resposta correspondente. Nos conflitos e conflagrações coletivas é natural que todos sofram impactos aparentemente semelhantes, mas ainda aí a luz individual, mesmo embaixo de mesa simbólica, terá claridade específica.
            As verdadeiras revoluções não são aquelas que derrotam por armas e dominam o adversário com a finalidade de calar a sua existência. A verdadeira revolução é aquela que nos indica soluções novas para problemas antigos e faz das experiências, acertadas ou não, o carpete para tecer propostas diferentes daquelas até então degustadas. A verdadeira revolução é aquela em que os oponentes são os erros e os vícios repetidos, mas as pessoas se dispõem de um mesmo lado e a vitória haverá de ser repartida por todos, com a justiça da partilha estabelecendo quinhões compatíveis.
            Ouvimos relatos da 2ª Guerra Mundial. Relataremos às gerações futuras a guerra que nos dispôs frente a frente a um microscópico vírus que nos lançou diante do espelho, forçou o convívio e acendeu saudades já esquecidas. Sem bombardeios possíveis. Formando um só time, com espetáculo de torcida única que poderia até estender uma faixa TODOS DA HUMANIDADE – JUNTOS, apenas temporariamente afastados. Venceremos? Sim! Claro que choraremos os que se foram, mas todos serão medalhados, com louros especiais aos nossos semelhantes missionários que tornam a luta mais amena para a maioria. Nada será como antes amanhã, porque terá sido esse ANTES que nos trouxe para o conflito de agora, lembremos disso. Tudo será necessariamente diferente, mas cabe perguntar: aprenderemos a dividir? Teremos olhar mais compassivo à dor do outro? Abraçaremos com mais carinho? Valorizaremos mais os amigos? Respeitaremos os espaços em comum? Seguiremos o caminho para a PAZ?
As próximas gerações é que vão USUFRUIR, sem as agruras desses momentos, do  legado que passemos a construir JÁ. A crise vai passar. Estamos dispostos para uma nova ordem no mundo?  

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