O mundo está cheio de frases que dão um
direcionamento, em linguagem popular, do quanto é necessário se precaver da
disposição em produzir armadilhas, cujas decisões de cada dia dispõem como
risco. É como se um impulso instintivo nos empurrasse para reflexões que
deveriam ser renovadas sempre que uma nova situação nos desafia, no idioma da
simplicidade dos povos. É de encher os olhos, em deslumbramento, as ponderações
que saltam de tais dizeres. "Quem não pode com o pote não segura na
rodilha"; "dois não brigam quando um não quer"; "mentira
tem perna curta"; "quem semeia vento colhe tempestade";
"não se tapa o sol com a peneira"; "o apressado come cru";
" a vida é como um bumerangue, o que vai volta". São tantas as
inferências que é impossível alguém afirmar que os avisos não estão postos.
É como se o passar do tempo e as construções
do pensamento que foram se sedimentando pelas muitas civilizações pudessem
criar um laboratório invisível que nos adverte quanto à importância de dar
crédito à experiência dos antepassados, os quais grafaram expressões que servem
como metáforas de despertamento, com a finalidade de tornar o caminho menos
tensionado para as gerações vindouras. O planeta se disporia qual grande livro,
onde as manobras e procedimentos da história gerariam uma cultura capaz de
produzir estímulos inconscientes em todo aquele que entrasse em sintonia
vibratória com o que está escrito de forma etérea.
Lógico que as transmigrações da alma pelo
mundo espiritual e o retorno ao corpo em suas sucessivas idas e vindas
atendendo à lei da Reencarnação permite ao Espírito ir refinando a sua
compreensão na identificação dos sinais que esse universo disponibiliza em sua
totalidade, oferecendo a opção de uma leitura pessoal e relativa, de forma que
o aproveitamento das informações acumuladas não dependa exclusivamente de uma
educação formal, mas do grau de sensibilidade de cada um. Aliada à evolução do
Espírito essa percepção sutil é que define porque enxergamos tão diversamente
uma única paisagem que se encontra exposta.
O fato de repetirmos erros históricos demanda
de uma incapacidade de ler o que se encontra nas entrelinhas, certamente pela
pressa em produzir julgamentos pela obrigatoriedade que nos impomos de escolher
apenas um lado da moeda, sem refletir que qualquer moeda que só tenha um lado é
necessariamente falsa.
A turvação visual que corrompe os sentidos e
nos impede de ver a realidade de constituirmos uma coletividade estruturada,
além das individualidades personificadas, continua alimentando a falsa ideia de
que é possível viver sem solidariedade, sem comiseração e a reboque da
convivência plural.
A falta do diálogo com o outro e a surdez aos
clamores de tantas vozes que gritaram os gritos que hoje são nossos nos fazem
viver o perigo de nova reprovação. A Enciclopédia Universal, recheada de
manifestações humanas que se provam cíclicas, seria suficiente para que
verificássemos a verdade contida em uma sabedoria impossível de ser contestada:
“Tudo passa”. Podemos reproduzir esse aprendizado saindo como vencedores de si
mesmos ou passar pela existência sem ter refletido o papel que nos compete na
confecção desse capítulo da história. Vencer afinal não é produzir derrotados,
é fazer amigos.
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