segunda-feira, 21 de outubro de 2019

UMA VIDA, UMA HISTÓRIA


 

O mundo está cheio de frases que dão um direcionamento, em linguagem popular, do quanto é necessário se precaver da disposição em produzir armadilhas, cujas decisões de cada dia dispõem como risco. É como se um impulso instintivo nos empurrasse para reflexões que deveriam ser renovadas sempre que uma nova situação nos desafia, no idioma da simplicidade dos povos. É de encher os olhos, em deslumbramento, as ponderações que saltam de tais dizeres. "Quem não pode com o pote não segura na rodilha"; "dois não brigam quando um não quer"; "mentira tem perna curta"; "quem semeia vento colhe tempestade"; "não se tapa o sol com a peneira"; "o apressado come cru"; " a vida é como um bumerangue, o que vai volta". São tantas as inferências que é impossível alguém afirmar que os avisos não estão postos.

É como se o passar do tempo e as construções do pensamento que foram se sedimentando pelas muitas civilizações pudessem criar um laboratório invisível que nos adverte quanto à importância de dar crédito à experiência dos antepassados, os quais grafaram expressões que servem como metáforas de despertamento, com a finalidade de tornar o caminho menos tensionado para as gerações vindouras. O planeta se disporia qual grande livro, onde as manobras e procedimentos da história gerariam uma cultura capaz de produzir estímulos inconscientes em todo aquele que entrasse em sintonia vibratória com o que está escrito de forma etérea.
Lógico que as transmigrações da alma pelo mundo espiritual e o retorno ao corpo em suas sucessivas idas e vindas atendendo à lei da Reencarnação permite ao Espírito ir refinando a sua compreensão na identificação dos sinais que esse universo disponibiliza em sua totalidade, oferecendo a opção de uma leitura pessoal e relativa, de forma que o aproveitamento das informações acumuladas não dependa exclusivamente de uma educação formal, mas do grau de sensibilidade de cada um. Aliada à evolução do Espírito essa percepção sutil é que define porque enxergamos tão diversamente uma única paisagem que se encontra exposta.
O fato de repetirmos erros históricos demanda de uma incapacidade de ler o que se encontra nas entrelinhas, certamente pela pressa em produzir julgamentos pela obrigatoriedade que nos impomos de escolher apenas um lado da moeda, sem refletir que qualquer moeda que só tenha um lado é necessariamente falsa.
A turvação visual que corrompe os sentidos e nos impede de ver a realidade de constituirmos uma coletividade estruturada, além das individualidades personificadas, continua alimentando a falsa ideia de que é possível viver sem solidariedade, sem comiseração e a reboque da convivência plural.
A falta do diálogo com o outro e a surdez aos clamores de tantas vozes que gritaram os gritos que hoje são nossos nos fazem viver o perigo de nova reprovação. A Enciclopédia Universal, recheada de manifestações humanas que se provam cíclicas, seria suficiente para que verificássemos a verdade contida em uma sabedoria impossível de ser contestada: “Tudo passa”. Podemos reproduzir esse aprendizado saindo como vencedores de si mesmos ou passar pela existência sem ter refletido o papel que nos compete na confecção desse capítulo da história. Vencer afinal não é produzir derrotados, é fazer amigos.

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