Falar de Jesus é fácil. Para
o bem ou para o mal, pois havemos de convir que haja quem discorde da sua
importância no mundo, o que de forma alguma vai nos ocupar nessa abordagem de
momento. O que chama a atenção para a ocasião é o fato do alcance de sua
mensagem depois de tantos anos passados. Até mesmo as controvérsias que provoca
deveria ser alvo de estudos nas mais ilustres academias do pensamento.
Os próprios seguidores,
dependendo de suas escolas, divergem quanto à forma de aceitação do que está
definido nos livros que retratam a sua passagem e que foram escritos depois de
sua partida, por pessoas que interpretaram os fatos de sua vida, reconhecidos
como evangelistas e em número de quatro. Evangelhos é o termo como ficaram
conhecidos tais relatos e compõem a segunda parte de um livro considerado
sagrado pela maioria dos cristãos que é a Bíblia. O texto ainda traz os
escritos de Paulo de Tarso e Atos dos apóstolos.
Quando
Allan Kardec se defrontou com o fato de ser a Doutrina Espírita o retorno ao
cristianismo através das vozes do além sob a tutela do Espírito da Verdade,
codinome de Jesus com a finalidade de transcender pela mensagem antes do que
pelo reconhecimento de sua identidade, o Codificador trouxe as luzes do
Evangelho para o norteamento da ação espírita. Tratou de selecionar, para a
finalidade que se propôs o aspecto moral da mensagem do Mestre, enquanto
assegurou que os demais aspectos discutíveis de sua existência seriam
analisados sob outros padrões de abordagem nas demais obras do Pentateuco
Kardeciano. Por essa razão o Espírito que nos foi designado “como guia e modelo
na Terra” (LE – q. 625) passaria a ser o alicerce filosófico do pensamento do
Espiritismo.
Há
períodos patrocinados pelo calendário social que nos remetem a alguns momentos
da vida de Jesus, como o seu nascimento e morte. Nessas ocasiões há celebrações
que se compatibilizam com o modelo de crenças de cada grupamento, e isso é
bastante razoável, esperado mesmo.
Aos
espíritas não cabem qualquer referência às questões relacionadas às ocorrências
que consagram os conceitos de outras denominações. A nossa visão é que Jesus,
nascido pelas leis biológicas como qualquer outra pessoa, reapareceu da morte
em seu corpo espiritual ou perispírito para que se fortificasse na posteridade
a realidade da imortalidade e apenas isso. Mais que o seu sacrifício é necessário
olhar para os seus ensinamentos, pois a dor das provas compete a cada um
ultrapassar e Ele o fez com sobras de dignidade, mormente a sua capacidade de
suportar grandes desafios, tamanha a sua envergadura evolutiva.
Pelo
muito que nos apresentou em condição de redenção e de manutenção da firmeza
diante dos apelos inferiores, Jesus é alguém de quem é muito fácil se falar.
Difícil é aceitar o convite de seguir-lhe os passos. Não exatamente porque seja
impossível fazê-lo, mas porque a nossa vocação à preguiça emocional nos serve
de motivo para adiar o momento da mudança obrigatória a quem se considere
seguidor dos seus passos. A todos que usufruímos com facilidade a palavra para
falar a respeito de Jesus fica o chamado: que tal começarmos a seguir os seus passos?
¹ editorial do programa Antena Espírita de 16.04.2017
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