A vida segue renovada a cada alvorecer.
Indiferente ao que tenha sido a noite passada, o dia que nasce levanta os raios
do Sol e a claridade destrona as sombras. Da mesma maneira a tempestade se
afasta derrotada, estabelecido o estio da reconstrução. Felizmente, e de
diferentes formas, somos surpreendidos por situações que nos fazem temer pelas
suas consequências até que as vemos solucionadas. A existência é um espetáculo
de aprendizados que nos põem em alerta e desafia a todo o momento a nossa
capacidade de superação.
O
verdadeiro aprendizado não é aquele supostamente conquistado ontem, senão o que
ainda está por vir no próximo instante. Aquela circunstância que nos pega
inesperadamente, e nos lança fora da concha da acomodação, expondo-nos a cara
ao mais cristalino e assustador dos espelhos. O objetivo é nos fazer
reconhecer-nos na hora do desafio inusitado, quando as peças do jogo teimam em
sair do quadrado que determinamos.
Reagimos
ou agimos. Qual a diferença? Reagir é seguir a boiada para onde ela vá. Simplesmente
dar uma resposta à altura do nosso incômodo, com a precisão do “dente por
dente, olho por olho”. Agir é visitar uma casa desconhecida, aceitar a proposta
de fazer a diferença, assim meio como mostrar a outra face, inovar a postura
sem se deixar levar pela explosão de medo e agressividade que entornam do nosso
cérebro animal, parar de funcionar como sonâmbulos. Sabendo agora a diferença
entre os verbos: agimos ou reagimos?
A
história dos grandes homens está repleta de movimentos de reação em certa fase
de suas biografias. Até que resolveram que deveriam agir. Assim se tornaram
conhecidos os exemplos de Pedro, Paulo, Francisco de Assis, Gandhi citando apenas
alguns. Costumamos colocá-los em pedestais, intencionalmente. A tentativa é
supô-los Espíritos Superiores antes da encarnação que os notabilizou e proteger-nos
com a desculpa de que não temos as suas envergaduras espirituais. Certamente
para permanecermos gastando a existência apenas reagindo, assumidamente
inferiores que somos. Fingimos desconhecer que eles e tantos outros não eram
quem se tornaram até que decidiram se colocar à prova e vencê-la.
Se,
de fato, queremos fazer da Doutrina Espírita a nossa bússola, é hora de
pararmos com as “desculpites” que festejam nossas inferioridades. Não se podem
assinar contratos com o futuro, como se a mudança fosse um passe de mágica ou
uma promessa vã, simples retórica sem compromisso. Nada muda sem o empenho no
aprendizado do passado e omitindo-se no presente fazer nascer o novo em nossas
vidas. Aprender exige novas posturas.
A
Natureza dispõe dos contrastes representados por luz e sombra, escassez e
abundância, dor e analgesia, perdas e conquistas. O Espiritismo nos ensina
segundo Jesus, que a cada um segundo as suas obras. Cabe-nos a reflexão se
queremos viver de repetições inócuas ou investimos num ciclo de renovação para
a construção de novos patamares e experiências. Assumir uma atitude nova, ou
permanecer reclamando enquanto repete os mesmos erros, é o convite/opção que se
nos apresenta a cada momento. Cabe-nos ter clareza quanto a isso. Qual a nossa
decisão, afinal?
¹ editorial do programa Antena Espírita de
20.11.2016.
Caldas,
ResponderExcluirAchei interessante a relação do seu artigo com o do Jorge Hessen.