quarta-feira, 2 de novembro de 2016

DIA DE FINADOS



INÊS SABINO Pinho Maia *



 
Inês Sabino Pinho Maia


1.Agradeço, meu filho, a glória que me deste,
O mármore custoso, o imponente jazigo,
A legenda piedosa, as flores que bendigo,
A oração da saudade, a sombra do cipreste...
Mas afasta de nós a pompa que me veste!


6.Este luxo no chão é miséria comigo...
Quero apenas o amor por sacrossanto abrigo,
Dá-me teu coração por tesouro celeste.

Não me busques, em vão, na gelidez das lousas!
Transfunde-me a lembrança em pão que reconforte
A quem viva de fel na aflição que te espia...

Procura-me na dor do caminho em que pousas
E esparze em tudo o bem, porque a bênção da morte,
14.Que me acordou na luz, há-de acordar-me um dia...


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(*) Poetisa, jornalista e romancista. Domingos Carvalho da Silva, em sua obra Vozes Fem. da Poesia Brás., pág. 22, considerou-a merecedora de figurar num seleto grupo de poetisas da fase pós-romântica e parnasiana. Iniciou a sua educação literária na Inglaterra. Regressando ao Brasil ainda bem jovem, pouco depois dava a público as suas primeiras poesias e traduzia, para o português, contos, novelas e pequenos romances ingleses e franceses. Foi uma das escritoras que no Nordeste , em fins do século XIX, lutou pela participação da mulher nas lides literárias, contra um meio adverso nesse sentido. No prefácio à sua obra Impressões, Inês Sabino Pinho Maia fez esta judiciosa observação: “Retirem-se do manto estrelado da poesia os salpicos do ideal, que um livro de versos não passará de um compêndio enjoativo das verdades amargas que nos rodeiam acremente por todas a parte”. O Jornal do Commércio, do Rio, em seu úmero de 14 de setembro de 1911, destacou-lhe a “grande nobreza de sentimento”, o “espírito caridoso e esmoler” e a real educação”. (Bahia (**), 31 de dezembro de 1853 – Rio de Janeiro, GB, 13 de setembro de 1911).

BIBLIOGRAFIA; Ave Libertas, poemeto; Rosas Pálidas, versos (1ª série): Impressões, versos (2ª série); Contos e Lapidações; etc.
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(**) Affonso Costa em “Poetas de outro Sexo”, p. III, afirma ter ela nascido na Bahia e não em Pernambuco.
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1.      Enumeração
6.      Antítese
14.  Poliptoto: “Que me acordou..., há de acordar-te...”


Livro: “Antologia dos Imortais” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira


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