quinta-feira, 23 de julho de 2015

COMO FUNDAR UM CENTRO ESPÍRITA - PARTE V



Por Francisco Castro (*)


  1. – É obrigatória a filiação do CE a uma Federação Espírita?

Os pequenos trechos abaixo, transcritos de Obras Póstumas e do Livro dos Médiuns, são mais do que elucidativos a respeito dessa questão. Pensemos nisso!

 “Daí vem que os centros que se acharem penetrados do verdadeiro espírito do Espiritismo deverão estender as mãos uns aos outros, fraternalmente, e unir-se para combater os inimigos comuns: a incredulidade e o fanatismo” (Obras Póstumas – Amplitude da Comissão Central, in fine) – Grifamos.

“Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã.” (Livro dos médiuns – item 334) – Grifamos.

“A bandeira do Espiritismo Cristão e humanitário (...) aí é que está a âncora de salvação, a salvaguarda da ordem pública, o sinal de uma nova era para a Humanidade.”
“Convidamos, pois, todas as Sociedades Espíritas a colaborar nessa grande obra. Que de um extremo ao outro do mundo elas se estendam fraternalmente as mãos e eis que terão colhido o mal em inextrincáveis malhas.” (Livro dos Médiuns – item 350, in fine) – Grifamos.

Para o Centro Espírita participar do Movimento Federativo é demonstrar que aceitou o convite do Codificador para colaborar nessa grande obra de Regeneração da Humanidade de forma unida e organizada.


  1. – Por que essa denominação Centro Espírita?

Centro - “Na linguagem associativa, serve para designar certas espécies de sociedades, possuindo, assim, o mesmo sentido de sociedade ou associação, tendo ainda a acepção de local em que se reúne certo número de pessoas, tornando-se, em tal caso, no mesmo sentido de cenáculo.” (De Plácido e Silva – Dicionário Jurídico – Ed. Forense)

Centro Espírita – pode ser considerado, assim, um local onde se reúne um grupo de pessoas com o fim de desenvolver atividades gerais de estudo, difusão e prática da Doutrina Espírita e pode ser de pequeno, médio ou grande porte.


  1. – O CE deve manter curso de Espiritismo?

A respeito dessa questão transcrevemos o pensamento do Codificador, que se encontra consignado no Projeto 1868 – em Obras Póstumas:

“Um curso regular de Espiritismo seria professado com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e de difundir o gosto pelos estudos sérios. Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as idéias espíritas e desenvolver grande número de médiuns. Considero esse curso como de natureza a exercer capital influência sobre o futuro do Espiritismo e sobre suas conseqüências.”(Grifamos)

  1. – A formação de médiuns no CE é importante?

“O estudo e educação da mediunidade visa proporcionar o necessário conhecimento aos portadores da faculdade mediúnica, para seu exercício em perfeita harmonia com os princípios da Doutrina Espírita.” (Orientação ao Centro Espírita, p.30)

  1. – O CE deve manter um quadro de associados?

Sendo o Centro Espírita uma associação de pessoas, nada mais adequado que mantenha um corpo de associados, que mensalmente dar uma contribuição estipulada pelo próprio grupo e com isso custeia suas atividades. Lembramos as palavras do Codificador aos espíritas de Lyon e Bordeaux, extraídas do Livro Viagens Espíritas em 1862 – Casa Editora o Clarim:

“Uma entidade espírita deve prover às suas necessidades; ela deve dividir entre todos as suas despesas e nunca lançá-las aos ombros de um só”. (Grifamos)

  1. – Como se pode reconhecer o verdadeiro espírita em um CE?

Pode parecer que esse tipo de pergunta esteja fora de contexto, no entanto, ela é mais pertinente do que se possa imaginar, veja-se o conteúdo do item 350 de O Livro do Médiuns:

“Se o Espiritismo, conforme foi anunciado, tem que determinar a transformação da humanidade, claro é que esse efeito ele só poderá produzir melhorando as massas, o que se verificará gradualmente, pouco a pouco, em conseqüência do aperfeiçoamento dos indivíduos. Que importa crer na existência dos espíritos, se essa crença não faz aquele que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade? De que serve ao avarento ser espírita, se continua avarento; ao orgulhoso, se se conserva cheio de si; ao invejoso, se permanece dominado pela inveja? Assim, poderiam todos os homens acreditar nas manifestações dos Espíritos e a Humanidade ficar estacionária. Tais porém não são os desígnios de Deus. Para o objetivo providencial, portanto, é que devem tender todas as sociedades espíritas sérias, grupando todos os que se achem animados dos mesmos sentimentos.”(Grifamos)

  1. – Como um CE pode se defender do ataque de outras religiões?

Veja-se o que Allan Kardec diz no item 341, último parágrafo, de O Livro dos Médiuns:

“(...) que as reuniões verdadeiramente sérias, como as que já se realizam em diversas localidades, se multiplicarão e não hesitamos em dizer que a elas é que o Espiritismo será devedor da sua mais ampla propagação. Religando os homens honestos e conscienciosos, elas imporão silêncio à crítica e, quanto mais puras forem suas intenções, mais respeitadas serão, mesmo pelos seus adversários: Quando a zombaria ataca o bem, deixa de provocar o riso: Torna-se desprezível.” (Grifamos)

  1. – O CE deve exigir algum tipo de traje especial dos seus frequentadores?

“Os Centros Espíritas se caracterizam pela simplicidade própria das primeiras casas do Cristianismo nascente, pela prática da caridade e pela total ausência de imagens, símbolos, rituais ou outras manifestações exteriores;” (Orientação Ao Centro Espírita)

Espera-se que as pessoas em um Centro Espírita estejam adequadamente vestidas, não se admitindo trajes que ficariam mais adequados a um dia na praia ou em clubes sociais. Mas exigir qualquer tipo de indumentária padrão é esquecer que “O Espiritismo é uma questão de fundo; prender-se à forma seria puerilidade indigna da grandeza do assunto” como nos disse o Codificador em Obras Póstumas – Constituição do Espiritismo – item VI.

  1. – Qual deve ser o comportamento dos assistentes nas reuniões do CE?

Relembremos o que disse o Codificador e que se encontra publicado no Livro Viagens Espíritas em 1862 (Casa Editora O Clarim - 2ª edição em língua portuguesa, p.21/23):

“Em sua maioria os grupos são muito bem dirigidos, alguns mesmo de notável maneira, com o emprego pleno dos verdadeiros princípios da ciência espírita. (...). Nesses grupos reina, de modo geral, uma ordem e um recolhimento perfeitos. (Grifamos)

Qualquer comportamento contrário à ordem e ao recolhimento, portanto, é desaconselhável em um Centro Espírita.


  1. – O CE é uma escola?

“é uma escola de formação espiritual e moral que trabalha à luz da Doutrina Espírita.”(CEI-FEB)

  1. – O CE é um hospital?

“é posto de atendimento fraternal para todos os que o procuram com o propósito de obter orientação, esclarecimento, ajuda e consolação.”(CEI-FEB)

  1. – O CE é uma oficina de trabalho?

“é oficina de trabalho que proporciona aos seus frequentadores oportunidades de exercitarem o próprio aprimoramento íntimo pela prática do Evangelho em suas atividades.”(CEI-FEB)

  1. – O CE é um lar?

“é lar onde as crianças, os jovens, os adultos e os idosos têm oportunidade de conviver, estudar e trabalhar, unindo a família sob a orientação do Espiritismo.”(CEI-FEB)

  1. – Que tempo deve durar uma reunião no CE?

O bom senso recomenda que, para um bom aproveitamento, as reuniões nas Casas Espíritas não devem ultrapassar 2 (duas) horas de duração.

  1. – O CE deve manter algum tipo de reunião para crianças e jovens?

Allan Kardec, no Livro Viagens Espíritas em 1862, publicação da Casa Editora O Clarim – 2ª edição em língua portuguesa, p.30/31 – faz o seguinte comentário:

“É notável verificar que as crianças educadas nos princípios espíritas adquirem capacidade de raciocinar precoce que as torna infinitamente mais fáceis de serem conduzidas. Nós as vimos em grande número, de todas as idades e dos dois sexos, nas diversas famílias onde fomos recebidos, e pudemos fazer essa observação pessoalmente. Isso não as priva da natural alegria, nem da jovialidade.”

“Se podemos analisar aqui os sentimentos que a crença espírita tende a desenvolver nas crianças, facilmente conceber-se-ão os resultados que pode produzir.”

(...) “Há, pois, uma geração espírita que cresce e que vai incessantemente aumentando. Essas crianças, por sua vez, educarão seus filhos nos mesmos princípios, e, enquanto isso, os velhos preconceitos irão, de pouco em pouco, desaparecendo com as velhas gerações. Torna-se evidente que a crença espírita será, um dia, a crença universal.”(Grifamos)

A FEB – Federação Espírita Brasileira mantém uma publicação específica para orientar as atividades para a infância e a juventude: CURRÍCULO PARA AS ESCOLAS DE EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA INFANTO – JUVENIL que pode ser acessada pela internet na página www.febnet.org.br

Receberemos com prazer os comentários e/ou sugestões do leitor, que poderão nos auxiliar no desenvolvimento e aperfeiçoamento desse trabalho.

Na próxima semana concluiremos a nossa contribuição sobre o tema apresentando a Última Parte de: COMO FUNDAR UM CENTRO ESPÍRITA.

(*) voluntário do C.E. Grão de Mostarda, do programa Antena Espírita e do blog Canteiro de Ideias.

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