sábado, 21 de maio de 2016

ANTONIO LEITE DE ARAÚJO FILHO

O ARTIGO BIOGRÁFICO "ANTONIO LEITE DE ARAÚJO FILHO", DE AUTORIA DO CONFRADE LUCIANO KLEIN, É O 4º NO RANKING DOS MAIS ACESSADOS NESSES QUATRO ANOS DE CRIAÇÃO DO BLOG "CANTEIRO DE IDEIAS".


          Antônio Leite de Araújo Filho nasceu aos 8 de agosto de 1914, no Rio de Janeiro. Foram seus pais: Antônio Leite de Araújo e Alzira Câmara Ribeiro Araújo. Seu curso primário, ele fez no Colégio Afonso Pena, frequentando, em seguida, o Colégio Pritaneu Militar. Ingressou na Escola Militar do Realengo, de onde saiu aspirante a oficial do Exército, em 1937.
          
          Depois de servir por algum tempo no Rio de Janeiro, foi transferido para São Paulo. Na capital paulista conheceu aquela que seria sua futura esposa, Maria José de Araújo, falecida recentemente, em dezembro de 1999. Transferido para Curitiba, ela, que era funcionária pública, conseguiu também transferência para a mesma cidade, passando a residir com uma tia, irmã de sua mãe, ambas adeptas do Espiritismo. Sua tia frequentava a Federação Espírita do Paraná. Por isso, acompanhada pelo noivo, Maria José se vinculou à Federação, tornando-se os dois trabalhadores dessa entidade federativa. Casaram-se em 1945, mudando-se novamente para Rio de Janeiro. De lá foi deslocado para Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul.

          Certo dia, através de mensagem mediúnica, Amigo Espiritual, informou a Maria José que eles teriam importante tarefa a cumprir na Terra : organizar uma creche e proteger crianças abandonadas. Dias depois um sargento de sua guarnição ficou viúvo, com a filha de nome Cibele em grande dificuldade. O casal resolveu criá-la. Era a primeira criança da previsão espiritual. Três anos depois de casados, nasceu o primeiro e único filho, Antônio Leite de Araújo Neto. Nesse tempo veio servir em Fortaleza. Aproximou-se deles um garoto chamado Adão, muito esperto e sem família, que eles passaram a auxiliar. O menino implorou para ficar na companhia do casal, no que foi atendido.

          Tempos depois, D. Maria José recolheu, na porta de sua residência, uma criança com poucas horas de nascida, registrando-a com o nome de Sheila Maria. Com o passar dos dias, verificaram ser ela excepcional. Viveu 34 anos sob os cuidados e carinho de ambos. Outra menina, Rosa Rosália, foi igualmente deixada na porta. A partir daí, outras foram chegando. Em pouco tempo, cuidavam de dez crianças. Todas com atestado de guarda e posse dados pela Justiça. Com esse número de filhos, decidiram fundar a Instituição Espírita “Nosso Lar”, em 26 de setembro de 1948, a fim de possibilitar o recebimento de auxílio federal, estadual e municipal. No posto de capitão, Antônio não possuía condições de manter família tão numerosa. Não parou por aí. Em 1954, já tinham sob sua guarda 44 crianças. Em três anos, deixaram na porta do “Nosso Lar”, durante a madrugada, nada menos de 18 crianças, algumas com o umbigo sangrando.

          Durante décadas, centenas de meninos e meninas passaram pelas mãos do abnegado casal, sendo todos tratados, educados e orientados. Muitos já constituíram seus próprios lares e estão integrados na sociedade.

          O general Leite teve participação ativa no movimento espírita cearense. Era nome certo na organização das comitivas de recepção a confrades de outros estados. Recebeu Leopoldo Machado e os membros da Caravana da Fraternidade, em 1950. Articulou, em 1951, a visita do professor Pietro Ubaldi. Foi amigo de Peixotinho, estando presente em algumas sessões de materializações, por ele prodigalizadas. Trabalhou junto à Cruzada dos Militares Espíritas, no núcleo fundado pelo General Celso de Freitas. Foi um dos mais importantes nomes na organização das atividades comemorativas do centenário de publicação de “O Livro dos Espíritos”, na Praça José Bonifácio, em 1957, que mobilizou toda a família espírita local.

          Sua desencarnação – fruto, infelizmente, de uma cilada perversa - ocorreu em Fortaleza, no dia 2 de junho de 1987. Seu biógrafo, o confrade e amigo Antônio Lucena, assim relata o funesto e doloroso episódio (“Pioneiros de Uma Nova Era – Espíritas do Brasil”, pp.19-20): “Fortaleza, a Capital do Ceará, rendeu tributo a um homem bom, barbaramente assassinado pelas mãos de um marginal frio e violento. A repercussão foi enorme.

          Todo o País se comoveu profundamente com o que ocorreu com o General Antônio Leite de Araújo Filho, na manhã de 2 de junho de 1987, quando se dirigia para o seu abençoado trabalho na Casa de Repouso Nosso Lar. Ele foi agredido a faca, caindo mortalmente ferido e o criminoso sacando de um revolver, deu-lhe três tiros; um dos quais atingiu-lhe a nuca, prostrando-o sem vida. Fugiu o assassino sem deixar pista.

          Tal ocorrência, na visão espírita, significa que se cumpria assim a Lei de Causa e Efeito, no resgate a dívidas do passado. Considerado como verdadeiro missionário, pela obra altruística de amparo à criança órfã e abandonada, aos velhinhos e aos doentes do corpo e da alma. Tal morte, verdadeiramente, só pode ser um final de provas.”

(*) historiador e presidente da Federação Espírita do Ceará (FEEC).

Um comentário:

  1. Tenho grande emoção por ler esta matéria. Fui umas crianças que morou “Nosso Lar”, até pouco tempo depois que Papai foi covardemente assassinado.

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