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SACUDIDOS E DERRUBADOS

 

Por Orson Carrara

Esta curiosa expressão que uso como título lembra movimentos bruscos, inesperados, produtos de choques elétricos, desabamentos, rompimentos variados, tremores de terra, raios que atingem pessoas ou construções e mesmo árvores. Ou ainda enchentes que devastam cidades e outros acidentes com veículos variados, podendo causar mortes ou não, com desdobramentos que se perdem no infinito. E que variam em sua intensidade, a depender de determinadas circunstâncias. Ruídos e pancadas, de forma ordenada ou desordenada, objetos movidos ou mantidos em suspensão... num verdadeiro caos desafiando a observação mais atenta.

Agora imagine um movimento que, sem se saber a origem, demonstra velocidade ou lentidão, agressividade ou mansidão, e de certo modo demonstre algum grau de inteligência. Ou que submetido a perguntas, respondia por códigos combinados pelo número de pancadas no chão, por exemplo, para atender ao Sim ou Não. Códigos que evoluíram depois para diálogos, embora lentos e cansativos.

Isso causou perplexidade numa época e levou grande pesquisador a ir descartando cada hipótese que pudesse explicar a origem daqueles fatos, submetendo-os a rigoroso exame de observação e experiência. Foi a época das chamadas mesas girantes, que foi o mecanismo que os espíritos se valeram para demonstrarem que eles, os espíritos, nada mais são do que homens e mulheres após a morte do corpo, habitando o mundo espiritual, e capazes de entrar em contato com aqueles que habitam a vida material.

Dessa chamada de atenção à humanidade, um pedagogo de renome levantou sérias pesquisas de observação, com rigoroso método, que resultaram na constatação da existência de vida após a morte, pois que os próprios protagonistas desses fenômenos vieram revelar a condição em que viviam, onde estavam, e especialmente demonstrar a imortalidade da alma.

Dai resultou O Livro dos Espíritos, que deu origem às demais obras da chamada Codificação Espírita. O pedagogo adotou o pseudônimo de Allan Kardec para publicar as obras e a história se amplia consideravelmente, com desdobramentos bem conhecidos.

Você pode conhecer amplamente essa narrativa, com raciocínios claros e repleto de detalhes, nos itens III a V na Introdução do próprio O Livro dos Espíritos, seguido do VI que apresenta os pontos principais da Doutrina que apresentaram.

A propósito, os objetos – claro – não tinham vida própria nem raciocínio. O movimento que faziam, esse sim, era acionado por inteligências invisíveis ao olhar humano, mas reais. Esse acionamento é feito valendo-se de recursos que você também vai conhecer estudando a Codificação. No caso dos fenômenos provocados, como os acima citados e outros, especialmente você entenderá com o estudo de O Livro dos Médiuns, o segundo da série.

 

E então entenderá esses fenômenos, de movimento de objetos, e outros, como a psicografia, a psicofonia, a vidência e os demais, num universo que se abre para a pesquisa. Inclusive da cura, da visão à distância, da aparição ou materialização daqueles que já habitam a vida imortal e sem cessar agem sobre o chamado mundo dos vivos. O assunto não se esgota e a vasta literatura está à sua espera para ampliar esses conhecimentos.

 

 

 

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