Pular para o conteúdo principal

REFLEXÕES SOBRE A PARÁBOLA DO SEMEADOR - PARTE IV


 

Aquele que recebe a semente entre espinheiros é o que ouve a palavra; mas em quem, logo, os cuidados deste século e a ilusão das riquezas abafam aquela palavra e a tornam infrutífera.

Ainda no campo dos relacionamentos afetivos o conjunto de exemplos da “semente entre espinheiros” são inumeráveis. Onde as encontramos?

O que enraíza uma relação verdadeira é a presença do amor. Sem amor não há raiz.


Vínculos ocasionais podem parecer promissores pela beleza, pelos interesses da vida material. Entretanto, para muitos a semente do amor se faz presente em suas vidas. Uma pessoa se envolve com outra amorosamente, nutrem-se mutuamente sentimentos legítimos e comprometem-se de verdade. “Ouvir a palavra” no dizer de Jesus pode ser entendido como uma experiência de quem entra em contato com o sentimento legítimo da amorosidade. No exemplo que hora estamos tomando, referimo-nos ao amor relacional de duas pessoas que se enamoram. Mas, podemos ampliar para outros exemplos também, como veremos. Porém, ainda nesta reflexão, observamos frequentemente que embora um casal possa estar envolvido com certa profundidade, se a estrutura interna desses for comparável a “espinheiros”, ou seja, sem o devido enraizamento, as “ilusões das riquezas” e todas as ofertas de prazeres da vida comum, como sensualidade, cobiças variadas, desejos insaciáveis, ambientes permissivos e falta de capacidade de se contentar com os limites de um bem estar satisfatório, acabarão “abafar” a experiência e torná-la “infrutífera”, conforme ensinava Jesus. São as relações que sucumbem diante do convite dos sentidos para a festa ilusória das sensações humanas.

Em outra ponta, podemos pensar também nas situações de todas as pessoas que se aproximam de um trabalho espiritual e que se sentem identificadas com os benefícios da realidade espiritual. Quantos há que aderem ao estudo, frequência e trabalho em uma instituição Espírita, por exemplo, e que se motivam bastante nos primeiros tempos. Tornam-se mesmo trabalhadores, divulgadores e melhoram suas condições internas na relação com os outros e consigo mesmas. No entanto, são tantas as situações que podem “abafar a palavra”. No transcorrer do tempo surgem desafios, dificuldades, contratempos, relações difíceis dentro da instituição, ou mesmo tentações sedutoras que desmontam a coerência dos propósitos iniciais. A semente do trabalho com Jesus já estava presente, mas caiu “entre espinheiros”, não havia raízes fortes, e o trabalhador inicial sucumbe sem conseguir fazer germinar os frutos.

Mas, felizmente há os que apresentam a “terra boa”.

Outra, finalmente, caiu em terra boa e produziu frutos, dando algumas sementes cem por um, outras sessenta e outras trinta. Ouça quem tem ouvidos de ouvir...

Aquele, porém, que recebe a semente em boa terra é o que escuta a palavra, que lhe presta atenção e em quem ela produz frutos, dando cem ou sessenta, ou trinta por um.”


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.