Pular para o conteúdo principal

O CLAMOR DOS NOVOS TEMPOS


              
       Será que há alguém satisfeito com o estado de coisas que cercam as diversas comunidades humanas? Eis aí uma pergunta que provavelmente obtenha o NÂO como resposta unânime. Decerto existem pequenos grupamentos que conseguem sobreviver sem os sobressaltos desses novos tempos que ainda se encontram isentos da internet e em atividade exclusivamente agroextrativista, em localidades distantes e constituídas por minúsculas populações. No todo estamos escorchados por agonias patrocinadas pela violência alçada à qualidade de “proposta de negociação”, em dupla via.

           O acaso nada tem a ver com o que acontece em nossas esquinas. O destempero não é uma novidade desses tempos, nem a ambição, nem a desigualdade. A água ferveu, o pote explodiu, a gota transbordou, o abscesso eclodiu. O planeta exige uma nova ordem.  A necessidade por mudanças tornou a reação uma desenfreada descida de ladeira de um carro sem freio. O mundo está cansado de uma repetida fórmula de parasitação, cujos modelos de governo, alternância de nomes e tomadas de decisões geraram uma horda de senhores satisfeitos em detrimento da absurda maioria de flagelados e espoliados, mantidos na periferia da cultura, da educação e do respeito humano. O sistema simplesmente estrangulou e já foi tarde que isso aconteceu. O que parecia funcionar, nunca funcionou. Impedia-se o clamor dos guetos, o grito dos excluídos. Tais mecanismos de contenção caíram. A violência dos poderosos alimentou a violência das ruas e não pode mais ser calada com a mesma moeda.

          As ruas pedem Paz. Pede da forma que aprendeu. Julga que a força é o caminho. Não é felizmente. Tornar impossível o convívio jamais será caminho para o entendimento. Respeito e civilidade são valores que não podem ser impostos. Pretender que mude o contexto sem que se mudem os prismas de entendimento é o mesmo que manter a semente sob a mesa e esperar que a planta ecloda no vaso que se encontra ao lado.

          Quando utilizamos o ranço, o ódio, a vingança para determinar atitudes não há como esperar que se frutifiquem bênçãos em torno de nossas ações. Nenhum pensamento que seja impulsionado pela raiva é capaz de gerar formas de conciliação. E não adianta coisa alguma exigir do outro um posicionamento diferente enquanto mantemos uma postura que se afasta do acolhimento, em completa cegueira aos sentimentos de agregação e inclusão.

          Parece redundante trazer à baila a questão 625 de O livro dos Espíritos. Jesus é o “guia e modelo”. Fora dessa realidade, nada que possa ser feito. Podemos esperar essa compreensão das multidões de aflitos? É provável que não. A primeira epistola de Pedro em seu versículo 11, propõe: “se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém”.

          O clamor por novos tempos começa em cada pessoa. É possível criar o clima da mudança a partir do evitar fazer parte da turba. Diferenciemo-nos da multidão que clama vingança. Ainda na mesma epístola Pedro sentencia (cap. 8): “o amor cobre uma multidão de pecados”. 
Será que há alguém satisfeito com o estado de coisas que cercam as diversas comunidades humanas? Eis aí uma pergunta que provavelmente obtenha o NÂO como resposta unânime. Decerto existem pequenos grupamentos que conseguem sobreviver sem os sobressaltos desses novos tempos que ainda se encontram isentos da internet e em atividade exclusivamente agroextrativista, em localidades distantes e constituídas por minúsculas populações. No todo estamos escorchados por agonias patrocinadas pela violência alçada à qualidade de “proposta de negociação”, em dupla via.


          O acaso nada tem a ver com o que acontece em nossas esquinas. O destempero não é uma novidade desses tempos, nem a ambição, nem a desigualdade. A água ferveu, o pote explodiu, a gota transbordou, o abscesso eclodiu. O planeta exige uma nova ordem.  A necessidade por mudanças tornou a reação uma desenfreada descida de ladeira de um carro sem freio. O mundo está cansado de uma repetida fórmula de parasitação, cujos modelos de governo, alternância de nomes e tomadas de decisões geraram uma horda de senhores satisfeitos em detrimento da absurda maioria de flagelados e espoliados, mantidos na periferia da cultura, da educação e do respeito humano. O sistema simplesmente estrangulou e já foi tarde que isso aconteceu. O que parecia funcionar, nunca funcionou. Impedia-se o clamor dos guetos, o grito dos excluídos. Tais mecanismos de contenção caíram. A violência dos poderosos alimentou a violência das ruas e não pode mais ser calada com a mesma moeda.

          As ruas pedem Paz. Pede da forma que aprendeu. Julga que a força é o caminho. Não é felizmente. Tornar impossível o convívio jamais será caminho para o entendimento. Respeito e civilidade são valores que não podem ser impostos. Pretender que mude o contexto sem que se mudem os prismas de entendimento é o mesmo que manter a semente sob a mesa e esperar que a planta ecloda no vaso que se encontra ao lado.

          Quando utilizamos o ranço, o ódio, a vingança para determinar atitudes não há como esperar que se frutifiquem bênçãos em torno de nossas ações. Nenhum pensamento que seja impulsionado pela raiva é capaz de gerar formas de conciliação. E não adianta coisa alguma exigir do outro um posicionamento diferente enquanto mantemos uma postura que se afasta do acolhimento, em completa cegueira aos sentimentos de agregação e inclusão.

          Parece redundante trazer à baila a questão 625 de O livro dos Espíritos. Jesus é o “guia e modelo”. Fora dessa realidade, nada que possa ser feito. Podemos esperar essa compreensão das multidões de aflitos? É provável que não. A primeira epistola de Pedro em seu versículo 11, propõe: “se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém”.

          O clamor por novos tempos começa em cada pessoa. É possível criar o clima da mudança a partir do evitar fazer parte da turba. Diferenciemo-nos da multidão que clama vingança. Ainda na mesma epístola Pedro sentencia (cap. 8): “o amor cobre uma multidão de pecados”. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESTALOZZI E KARDEC - QUEM É MESTRE DE QUEM?¹

Por Dora Incontri (*) A relação de Pestalozzi com seu discípulo Rivail não está documentada, provavelmente por mais uma das conspirações do silêncio que pesquisadores e historiadores impõem aos praticantes da heresia espírita ou espiritualista. Digo isto, porque há 13 volumes de cartas de Pestalozzi a amigos, familiares, discípulos, reis, aristocratas, intelectuais da Europa inteira. Há um 14º volume, recentemente publicado, que são cartas de amigos a Pestalozzi. Em nenhum deles há uma única carta de Pestalozzi a Rivail ou vice-versa. Pestalozzi sonhava implantar seu método na França, a ponto de ter tido uma entrevista com o próprio Napoleão Bonaparte, que aliás se mostrou insensível aos seus planos. Escreveu em 1826 um pequeno folheto sobre suas ideias em francês. Seria quase impossível que não trocasse sequer um bilhete com Rivail, que se assinava seu discípulo e se esforçava por divulgar seu método em Paris. Pestalozzi, com seu caráter emotivo e amoroso, não era de ...

A ESTUPIDEZ DA INTELIGÊNCIA: COMO O CAPITALISMO E A IDIOSSUBJETIVAÇÃO SEQUESTRAM A ESSÊNCIA HUMANA

      Por Jorge Luiz                  A Criança e a Objetividade                Um vídeo que me chegou retrata o diálogo de um pai com uma criança de, acredito, no máximo 3 anos de idade. Ele lhe oferece um passeio em um carro moderno e em um modelo antigo, daqueles que marcaram época – tudo indica que é carro de colecionador. O pai, de maneira pedagógica, retrata-os simbolicamente como o amor (o antigo) e o luxo (o novo). A criança, sem titubear, escolhe o antigo – acredita-se que já é de uso da família – enquanto recusa entrar no veículo novo, o que lhe é atendido. Esse processo didático é rico em miríades que contemplam o processo de subjetivação dos sujeitos em uma sociedade marcada pela reprodução da forma da mercadoria.

OS FILHOS DE BEZERRA DE MENEZES

                              As biografias escritas sobre Bezerra de Menezes apresentam lacunas em relação a sua vida familiar. Em quase duas décadas de pesquisas, rastreando as pegadas luminosas desse que é, indubitavelmente, a maior expressão do Espiritismo no Brasil do século XIX, obtivemos alguns documentos que nos permitem esclarecer um pouco mais esse enigma. Mais recentemente, com a ajuda do amigo Chrysógno Bezerra de Menezes, parente do Médico dos Pobres residente no Rio de Janeiro, do pesquisador Jorge Damas Martins e, particularmente, da querida amiga Lúcia Bezerra, sobrinha-bisneta de Bezerra, residente em Fortaleza, conseguimos montar a maior parte desse intricado quebra-cabeças, cujas informações compartilhamos neste mês em que relembramos os 180 anos de seu nascimento.             Bezerra casou-se...

UM POUCO DE CHICO XAVIER POR SUELY CALDAS SCHUBERT - PARTE II

  6. Sobre o livro Testemunhos de Chico Xavier, quando e como a senhora contou para ele do que estava escrevendo sobre as cartas?   Quando em 1980, eu lancei o meu livro Obsessão/Desobsessão, pela FEB, o presidente era Francisco Thiesen, e nós ficamos muito amigos. Como a FEB aprovou o meu primeiro livro, Thiesen teve a ideia de me convidar para escrever os comentários da correspondência do Chico. O Thiesen me convidou para ir à FEB para me apresentar uma proposta. Era uma pequena reunião, na qual estavam presentes, além dele, o Juvanir de Souza e o Zeus Wantuil. Fiquei ciente que me convidavam para escrever um livro com os comentários da correspondência entre Chico Xavier e o então presidente da FEB, Wantuil de Freitas 5, desencarnado há bem tempo, pai do Zeus Wantuil, que ali estava presente. Zeus, cuidadosamente, catalogou aquelas cartas e conseguiu fazer delas um conjunto bem completo no formato de uma apostila, que, então, me entregaram.

TRÍPLICE ASPECTO: "O TRIÂNGULO DE EMMANUEL"

                Um dos primeiros conceitos que o profitente à fé espírita aprende é o tríplice aspecto do Espiritismo – ciência, filosofia e religião.             Esse conceito não se irá encontrar em nenhuma obra da codificação espírita. O conceito, na realidade, foi ditado pelo Espírito Emannuel, psicografia de Francisco C. Xavier e está na obra Fonte de Paz, em uma mensagem intitulada Sublime Triângulo, que assim se inicia:

A CIÊNCIA DESCREVE O “COMO”; O ESPÍRITO RESPONDE AO “QUEM”

    Por Wilson Garcia       A ciência avança em sua busca por decifrar o cérebro — suas reações químicas, seus impulsos elétricos, seus labirintos de prazer e dor. Mas, quanto mais detalha o mecanismo da vida, mais se aproxima do mistério que não cabe nos instrumentos de medição: a consciência que sente, pensa e ama. Entre sinapses e neurotransmissores, o amor é descrito como fenômeno neurológico. Mas quem ama? Quem sofre, espera e sonha? Há uma presença silenciosa por trás da matéria — o Espírito — que observa e participa do próprio enigma que a ciência tenta traduzir. Assim, enquanto a ciência explica o como da vida, cabe ao Espírito responder o quem — esse sujeito invisível que transforma a química em emoção e o impulso biológico em gesto de eternidade.

ALLAN KARDEC, O DRUIDA REENCARNADO

Das reencarnações atribuídas ao Espírito Hipollyte Léon Denizard Rivail, a mais reconhecida é a de ter sido um sacerdote druida chamado Allan Kardec. A prova irrefutável dessa realidade é a adoção desse nome, como pseudônimo, utilizado por Rivail para autenticar as obras espíritas, objeto de suas pesquisas. Os registros acerca dessa encarnação estão na magnífica obra “O Livro dos Espíritos e sua Tradição História e Lendária” do Dr. Canuto de Abreu, obra que não deve faltar na estante do espírita que deseja bem conhecer o Espiritismo.

"FOGO FÁTUO" E "DUPLO ETÉRICO" - O QUE É ISSO?

  Um amigo indagou-me o que era “fogo fátuo” e “duplo etérico”. Respondi-lhe que uma das opiniões que se defende sobre o “fogo fátuo”, acena para a emanação “ectoplásmica” de um cadáver que, à noite ou no escuro, é visível, pela luminosidade provocada com a queima do fósforo “ectoplásmico” em presença do oxigênio atmosférico. Essa tese tenta demonstrar que um “cadáver” de um animal pode liberar “ectoplasma”. Outra explicação encontramos no dicionarista laico, definindo o “fogo fátuo” como uma fosforescência produzida por emanações de gases dos cadáveres em putrefação[1], ou uma labareda tênue e fugidia produzida pela combustão espontânea do metano e de outros gases inflamáveis que se evola dos pântanos e dos lugares onde se encontram matérias animais em decomposição. Ou, ainda, a inflamação espontânea do gás dos pântanos (fosfina), resultante da decomposição de seres vivos: plantas e animais típicos do ambiente.

O ESTUDO DA GLÂNDULA PINEAL NA OBRA MEDIÙNICA DE ANDRÉ LUIZ¹

Alvo de especulações filosóficas e considerada um “órgão sem função” pela Medicina até a década de 1960, a glândula pineal está presente – e com grande riqueza de detalhes – em seis dos treze livros da coleção A Vida no Mundo Espiritual(1), ditada pelo Espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier. Dentre os livros, destaque para a obra Missionários da Luz, lançado em 1945, e que traz 16 páginas com informações sobre a glândula pineal que possibilitam correlações com o conhecimento científico, inclusive antecipando algumas descobertas do meio acadêmico. Tal conteúdo mereceu atenção dos pesquisadores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, Décio Iandoli Júnior, Juliane P. B. Gonçalves e Alessandra L. G. Lucchetti, autores do artigo científico Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence (tradução: “Aspectos históricos e culturais da glândula ...

POR QUE SOMOS CEGOS DIANTE DO ÓBVIO?

  Por Maurício Zanolini Em 2008, a crise financeira causada pelo descontrole do mercado imobiliário, especialmente nos Estados Unidos (mas com papéis espalhados pelo mundo todo), não foi prevista pelos analistas do Banco Central Norte Americano (Federal Reserve). Alan Greenspan, o então presidente da instituição, veio a público depois da desastrosa quebra do mercado financeiro, e declarou que ninguém poderia ter previsto aquela crise, que era inimaginável que algo assim aconteceria, uma total surpresa. O que ninguém lembra é que entre 2004 e 2007 o valor dos imóveis nos EUA mais que dobraram e que vários analistas viam nisso uma bolha. Mas se os indícios do problema eram claros, por que todos os avisos foram ignorados?