segunda-feira, 17 de abril de 2017

CRUELDADE¹






 
 Crueldade. Esse o título que consta em O Livro dos Espíritos quando trata em sua  terceira parte – As Leis Morais – mais especificamente no capítulo sexto (A lei de Destruição, item V). Logo de cara Allan Kardec remete aos Espíritos Superiores, na questão 752, essa intrigante pergunta: “Podemos ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?”.  A forma categórica da resposta serve de reflexão para os nossos momentos mais atuais: “É o próprio instinto de destruição no que ele tem de pior, porque, se a destruição é às vezes necessária, a crueldade jamais o é. Ela é sempre a consequência de uma natureza má”.
          É fundamental que se entenda porque há uma destruição necessária e outra desprezível. Os ciclos que trazem as mudanças só acontecem quando o novo ocupa o espaço do que é ultrapassado e isso só ocorre quando são discutidos conceitos/construções para que se erijam outros. É assim que o mundo muda. Isso pode fazer parecer, à primeira vista, que esse movimento seja de desarrumação. Fora desse contexto, a destruição segue o caminho da crueldade principalmente porque se alicerça no egoísmo, no orgulho e na ambição, três pilares que  determinam a natureza má presente na nossa sociedade, motivo de toda a desigualdade que caracteriza as nossas relações sociais.
          Infeliz do grupamento humano, cujos dirigentes desconsideram a natureza humana, a qual também pertencem, e agem disfarçando os propósitos nefastos contra os seus semelhantes. As fórmulas como isso acontece podem ser de variada maneira: decapitando pessoas por diferenças religiosas, detonando armas químicas, lançando mísseis que alcançam alvos inespecíficos, assinando leis em gabinetes sofisticados que sabidamente têm a intenção de prejudicar a população em favor do favorecimento de pequenos grupos, enriquecendo de forma ilícita. Sem dúvidas podem-se destruir povos utilizando bombas que dizimam o corpo, mas também semeando a fome e a desesperança, essa última fórmula às vezes chega até a ser aplaudida pelos menos atentos ao que acontece ao derredor.
          Felizmente a Doutrina Espírita vem em nosso socorro. Allan Kardec propõe na busca da compreensão do que leva alguém a ser cruel (LE 754): “A crueldade não decorre da falta de senso moral?” E os Amigos do Além nos tranquilizam: “Dize que o senso moral não está desenvolvido, mas não que está ausente; porque ele existe, em princípio, em todos os homens; é esse senso moral que os transforma mais tarde em seres bons e humanos. Ele existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu”.
          Cedo ou tarde haveremos todos, aqui na Terra ou em outros mundos habitados, de alcançar a condição de olharmos para o outro com o mesmo respeito que reclamamos para si. Vale, como dizia Jesus, “orar pelos que perseguem ou caluniam” para que não seja nossa, a atitude de crueldade que alcança a sociedade. Aqueles que não conseguem enxergar o mal que produzem, antes de qualquer coisa são dignos de pena. Suas obras daninhas é que precisam ser combatidas com altivez e firmeza, se quisermos deixar de ser licenciosos com o mal, pois essa atitude nos transforma em cúmplices da crueldade.  Manter a mente tranquila, porém desperta para combater a crueldade em todas suas as versões, é que nos transforma em bom combatente, defensor da revolução pacífica de Jesus.   

¹ editorial do programa Antena Espírita de 09.04.2017






Um comentário:

  1. Caro amigo Caldas,
    Confesso que foi difícil para o meu coração encontrar imagem para ilustrar o seu artigo. Todas cortaram o meu coração. Parabéns pela abordagem!

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