segunda-feira, 13 de agosto de 2012

FUNDAMENTOS ECOLÓGICOS ESPIRITISTAS




       

            A ecologia espiritista se encontra enraizada nos princípios doutrinários espiritistas e nas idéias revolucionárias de Allan Kardec. Cabe a nós espíritas a sua sistematização em nível de consciência e procurar vivenciá-la em nossas relações práticas.
            O seu núcleo, no entanto, está bem estruturado no item 5, do Cap. VI, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, mensagem assinada pelo Espírito da Verdade: “Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo: Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana; (...)”. (grifo meu)
         O Espírito da Verdade é enfático quando se refere aos ensinamentos. Logo em seguida, utiliza-se da pedagogia Crística fazendo-se compreensível para todos, contextualiza o Espiritismo na condição do Cristianismo Redivivo. Adverte-nos, portanto, de onde se originou os erros nele enraizados.
            Com esse recurso pedagógico o Espírito da Verdade dá uma maior plasticidade à sua mensagem ao condicionar aos espíritas que o êxito dessa missão é indissociável da vivência desses ensinamentos.
            Mas é Allan Kardec quem vai retomar o pensamento do Espírito da Verdade de forma mais clara e objetiva. Preocupado com futuro do Espiritismo elabora o Projeto 1868, publicado em Obras Póstumas.
        O mestre lionês comenta as reais causas que contribuíram para a criação de controvérsias e falsas interpretações da Boa Nova. Fundamentado nessa experiência, de forma zelosa, trabalha para evitar esses mesmos inconvenientes e assenta o Espiritismo sobre as bases sólidas de uma doutrina positiva que nada deixe ao arbítrio das interpretações.
         A seguir, define os dois elementos que hão de concorrer para o progresso do Espiritismo: o estabelecimento teórico da Doutrina e os meios de a popularizar. E organiza o seu projeto com: a) estabelecimento central (o centro espírita) b) ensino espírita c) publicidade e d) viagens.
            Com essas vigorosas posições o Espírito da Verdade conclama a união e Allan Kardec sistematiza a unificação. Esses dois processos formam a dinâmica do amai-vos e instruí-vos.
            Em outubro de 1949, apesar da constante expansão do movimento espírita, o divisionismo no seu seio imperava alimentado pelo personalismo, pelas vaidades e pelas interpretações infelizes da Doutrina, um grupo de valorosos espíritas atentos aos ideais de união e unificação realizou uma Grande Conferência Espírita, induzindo os princípios de concórdia, fraternidade, ao trabalho útil, à tolerância e à solidariedade. Esse encontro ficou conhecido como “Pacto Áureo”. Na abertura da ata original está escrito: “Pacto Áureo quer dizer ideal de união; Conselho Federativo Nacional (CFN) quer dizer, forma de unificação.” Um apelo eminentemente ecológico espiritista para superar o caos que havia se instalado no seio da família espírita. É um divisor na trajetória do movimento espírita brasileiro.
            Em outubro de 1950 esses mesmos valorosos espíritas criaram a “Caravana da Fraternidade” propagando os ideais de Unificação por meio de viagens ao Nordeste e Norte do Brasil.
            O Espírito Bezerra de Menezes da espiritualidade coordena esse grande desafio entre os espíritas através de várias mensagens psicografadas e psicofonadas pelos médiuns Francisco C. Xavier e Divaldo Pereira Franco. Em uma delas, publicada na revista o Reformador de dezembro de 1975, ele se expressa de forma poética, em didática metafórica, o seu cuidado com a Doutrina Espírita dentro de um cenário explicitamente ecológico:
“Comparemos a nossa Doutrina Redentora a uma cidade metropolitana, com todas as exigências de conforto e progresso, paz e ordem. Indispensável a diligência no pão e no vestuário, na moradia e na defesa de todos; entretanto, não se pode olvidar o problema da luz. A luz foi sempre uma preocupação do homem, desde a hora da furna primeira.”
          Apesar das conquistas, em decorrência do “Pacto Áureo” e das mensagens insistentes do Espírito Bezerra de Menezes o nosso movimento pouco avançou em resultados exponenciais nos ideais de união e unificação. Esse desafio permanece e precisamos desenvolver os pensamentos e atitudes ecológicos
             Não podemos insistir no clichê sempre arguido de que “estou fazendo a minha parte”, em metáfora à fábula do beija-flor e o incêndio na floresta. Na conclusão da fábula o incêndio só foi debelado após a união dos outros animais na “batalha” do combate ao fogo. Se deixassem à responsabilidade ao solitário beija-flor, a esse tempo, todo o Planeta já teria sido “consumido” pelo fogo.
            Apelar-se para esse argumento corre-se o risco de se contagiar pelo individualismo que grassa em nossa sociedade, pelo adormecimento da consciência coletiva e o perigo de se fechar em um fascinante isolacionismo. Contribui-se, ainda, para o constructo de uma subcultura espírita, tal qual fora criada no seio do movimento Cristão-dogmático. Nada diferente disso.
            A Doutrina Espírita é uma doutrina coletiva, e os resultados coletivos e gerais serão fruto do Espiritismo completo, que sucessivamente se desenvolverá, atesta Allan Kardec.
            É necessário vivenciar não só de maneira individual, mas, sobretudo a nível coletivo-institucional os fundamentos ecológicos espiritistas. Sem isso, sucumbiremos em nossas responsabilidades humanas e espirituais.
            A Kardec sim cabe dizer: fiz a minha parte. A nós, cabem as reflexões: O que temos feito e ainda temos o que fazer individual e coletivamente? Portanto, sigamos a recomendação de Bezerra de Menezes: “Demo-nos as mãos e ajudemo-nos; esqueçamos as opiniões contraditórias para nos recordarmos dos conceitos de identificação, confiando no tempo, o grande enxugador de lágrimas que a tudo corrige.”


Fontes Consultadas:
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec;
Obras Póstumas – Allan Kardec;
Orientação ao Centro Espírita – FEB;
           

Um comentário:

  1. Vamos dar as mãos, vamos dar as mãos... e participar para a criação de um mundo melhor! Salve, Salve!!!

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